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segunda-feira, 29 de abril de 2019

RICARDO DE BENEDICTIS - CRÔNICA

JEAN CLAUDE
Ricardo De Benedictis
Assisti neste domingo, na Globonews, a entrevista que Mario Sérgio Conti fez ao Prof. Jean Claude, de 82 anos, que, embora tenha nascido na Europa, veio ainda criança para o Brasil e foi professor do entrevistador.
O Prof. Jean Claude descreveu o tema da entrevista que é o tratamento dos portadores de câncer na próstata, entre os quais ele se encontra, uma vez que foi atacado pelo tumor na próstata e três anos após a cirurgia o câncer voltou e ele teve que submeter-se à inúmeras sessões de Rádioterapia.  Homem muito culto, ele queixa-se que os médicos oncologistas e o médico responsável pela terapia por Rádio, através aparelhos, em nenhum momento do tratamento conversaram com ele sobre as seqüelas que ficariam com a radioterapia. E é algo que acontece. Ninguém conversa com o paciente sobre o futuro. Os médicos limitam-se a dizer que o paciente é portador de câncer de próstata (como no caso em tela) que tem de fazer 30, 40, 50 sessões de radioterapia e mais nada.
No caso dele, em São Paulo, um dos centros de excelência no tratamento do câncer prostático, foi assim que sucedeu com o professor Jean Claude, velho e reconhecido lente da USP.
Por falar em excelência, temos em Salvador um centro de excelência no Hospital Santa Isabel no anexo ICB – Instituto de Câncer da Bahia e outro no Hospital São Rafael.
A questão da incontinência ou urgência urinária que o Prof. Jean Claude enfatizou na entrevista, é algo muito deprimente. Imagine, leitor, um homem de 82 anos, aparentemente saudável – como é o caso do entrevistado, que necessita de estar em locais acadêmicos ou não para conversar e deixar seus ensinamentos e em palestras, encontros com amigos, etc, estar a qualquer instante urinando na fralda. É algo triste e humilhante que a ciência, embora tenha progredido na forma de alongamento da vida, não se preocupa com o ser humano que se propõe ao tratamento.
Outra coisa que ele deixou bem clara. Se não tivesse feito a radioterapia, teria morrido? Se sim, quanto tempo levaria? Ele disse que nenhum dos médicos especialistas soube responder esta e outras perguntas. Diziam apenas que ele teria dores, mas as dores têm tratamento... Segundo ele disse durante a entrevista. Fica, pois, a questão: fazer ou não o tratamento?
A ciência deveria avançar mais para dar as respostas que milhares de homens fazem e não têm quem responda!
O Prof. Jean Claude colocou em dúvida a parte econômica dos aparelhos de radioterapia, que custam muito caro e cujos fabricantes encontram-se em países como EUA e poucos outros. É um assunto que deve ser abordado sem medo, para que, num futuro próximo, os homens possam usufruir de tratamentos menos nocivos à sua qualidade de vida que se deteriora muito após a radioterapia.  E disso nós temos absoluta certeza!
Temos um tema importante a tratar, vez que o câncer de próstata ataca homens de 40, 50, 60 anos e isso pode inviabilizar suas vidas. Primeiro, cuide-se para saber se está tudo bem com você. Depois você resolva o que fazer.
Este assunto deveria ser recorrente nas Faculdades de Medicina do Brasil, já que por aqui, a turma da grana preocupa-se mais em faturar que proporcionar qualidade de vida ao paciente, o que não deixa de ser uma tremenda falta de humanidade!

sábado, 27 de abril de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO


PRA SEMPRE VICE
Nando da Costa Lima
Genebaldo tava cuspindo brasa, tinha surgido um boato de que o vice presidente da fábrica de vassouras 5 Estrelas LTDA. ia assumir o cargo de presidente, que era dele. Tava tão retado que disse o diabo pros funcionários que não tinham nada a ver com o caso. Começou dando um murro em um dos balcões e falou aos gritos que ele só saía da presidência morto.     
— Tão pensando o quê? Vocês já viram alguma empresa ir pra frente quando o presidente é menos capacitado que o vice??? Isso não existe em empresa nenhuma, quando isso ocorre a firma quebra. Eu estou nesse cargo por mérito, tenho curso de administração por correspondência. Não é só porque eu sou sócio que estou presidindo, é por minha competência. Essa conversa de que meu irmão Arquimedes vai assumir o meu lugar é velha, ele mesmo sabe que não tem capacidade… Um homem que quando vê um empresário forte fica parecendo menino querendo doce, isto é um absurdo! Eu sei que pega mal esculhambar com parente em público, mas quando bota o nome da “Fábrica Cinco Estrelas” em jogo, eu perco a cabeça.
         Um dos funcionários, vendo que o patrão estava fragilizado com aquela história, aproveitou para dar uma boa puxada de saco. Aquilo podia gerar uma futura promoção e acabou inflamando ainda mais a situação do irmão do patrão.
— O sr. tá certo, dotô. Também fiquei com raiva quando me contaram que ele falou que o senhor fica parecendo um pinto perdido da galinha nas reuniões com outros empresários do ramo. Disse que o senhor só falta pedir autógrafo pra qualquer comprador rico que visita a fábrica. Mas todo mundo sabe que é inveja, seu irmão não é nem a metade do homem que o senhor é. Ele fica tirando onda só porque serviu no Tiro de Guerra, e o senhor, não.
         Quando o puxa-saco acabou de falar, crente que tava abafando, o patrão apontou pra ele e largou…
— Eufrosino, seu filho de uma égua. Quem lhe disse que eu não servi no Tiro de Guerra? Garanto que não foi sua mãe. Ela sabe que eu fui cabo e nunca tive uma falta enquanto estava servindo.
— Me desculpe, patrão, mas quem falou isso foi seu irmão. Por sinal, ele até disse que o senhor não sabe pegar num fuzil.
— Não sei pegar num fuzil do rabo daquele sacana. Eu atiro com as duas mãos, já fui até campeão de tiro em Uruguaiana.
— Mas patrão, Uruguaiana só dá prêmio pra poeta.
— Pois foi no mesmo dia em que fui receber um prêmio pelo meu primeiro livro. Tava tendo um concurso de tiro ao alvo e eu ganhei o primeiro lugar, até hoje eu tenho o urso de pelúcia que ganhei como prêmio. Naquele dia eu não errei um tiro.
— Foi até bom eu ter indagado essas coisas pro patrão. Assim deixou todo mundo da fábrica satisfeito, sabem que não corremos riscos de sermos assaltados. O senhor, pelo visto, deve atirar melhor que Django.
— É, Eufrosino. Se tivesse concurso pra puxa-saco, você ia ganhar todo ano… Tá doido! Mas pode ficar tranquilo que eu não vou demitir ninguém, basta calar a boca e escutar o que eu tenho pra dizer pros merdas que apoiam meu irmão. Até a produção caiu nestes últimos seis meses. Vendas então, nem se fala. Ninguém quer fazer negócio com uma empresa em que os funcionários conspiram contra o patrão. Eu já disse pra pai que tem que tirar Arquimedes da vice presidência, ele tem o olho muito grande e isso só faz prejudicar o andamento da fábrica, está jogando contra. E vocês funcionários têm que entender que isso é uma fábrica de vassouras, não tem nada a ver com política… Vocês estão pensando que isso aqui é uma nação democrática em que o Congresso pode botar o presidente pra voar a qualquer hora. Os senhores estão muito enganados. Quem manda nessa porra aqui sou eu. Impeachment em patrimônio particular, só me faltava essa.
         Saiu de nariz empinado como se fosse um grande estadista que tinha feito um discurso histórico, e continuou presidente vitalício da fábrica. Seu irmão, Arquimedes, acabou se desligando da indústria. Tava cansado de tomar coice e continuar como eterno vice. E ainda tinha aquele professor que alfabetizou Genebaldo e a família e implicou com a cara dele só porque não quis aprender a ler por sua cartilha. Eufrosino assumiu a vice presidência no mesmo dia, e para agradar o patrão, mandou bordar no jaleco de trabalho: “Para sempre vice”.

RICARDO DE BENEDICTIS - ENSAIO

OS FILHOS DO REI_I
Ricardo De Benedictis
Desde nossa Monarquia, as famílias reais sempre que colocadas em xeque, foram condenadas pela história. A forma da Transmigração da Família Real, em 1808, quando D. João VI fugiu de Portugal para livrar-se da nunca realizada invasão do seu Reino por Napoleão Bonaparte, expôs logo a figura de bonachão do Rei, a loucura explícita de D. Maria, 'Alouca', as aventuras sexuais da rainha Carlota Joaquina, a frescura de seu filho, Miguel, a falta de caráter de Pedro, (o estuprador de escravas), filho que o Rei deixou para trás, em sua volta - com a famosa e lendária frase: “Pedro, põe a coroa sobre tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela”. palavras que seriam contrariadas, anos depois, quando, acometido de uma tremenda dor de barriga, às margens do rio Ypiranga, em São Paulo, já de retorno de uma noitada com a ‘Marqesa de Santos’, sua amante, Dom Pedro teria se enfurecido e soltado o verbo: “Laços fora, soldados.... sic”. A História é contada pelos arautos do Rei de plantão. Daí porque tanta controvérsia.
Na verdade, Portugal era como os outros países do mundo, que sempre foram governados por linhagens aristocráticas ou simplesmente por aventureiros que tinham oportunidade de trair confianças, roubar e matar para chegarem ao poder econômico e político. Este é um resumo sórdido da sociedade humana que vem gerando monstros do tipo de Herodes, Calígula, Ivan o Terrível e Rasputin, o monge depravado. Hitler, Stalin, e tantos outros que o leitor conhece ou já ouviu falar.
No ‘Novo Mundo’, descoberto pelo italiano de Gênova, Cristofer Columbus, por financiamento da Coroa Espanhola – através dos Reis católicos Fernando e Isabel, é bom frisar que, com a divisão dos reinos de Portugal e Espanha, houve o Tratado de Tordesilhas entre os países-irmãos, e só então Portugal, que tinha Marinha própria, desde a Escola de Sagres, fundada ainda no fim da Idade Média – início do Renascimento, pode, enfim declarar o ‘achamento do Brasil’, tratado historicamente como ‘Descobrimento’, em 22 de abril de 1500 pelo Almirante português Pedro Álvares Cabral, em seu famoso e lendário turnê até as índias Orientais, cujos caminhos haviam sido alcançados pelo seu conterrâneo, Vasco da Gama.
Estes fatos históricos aprendemos na escola, apesar de termos lido obras e assistido vários filmes sobre o assunto, com algumas contestações pontuais e que não vêm ao caso, nos aprofundar, mesmo porque não somos historiadores, apenas revisitamos fatos históricos largamente conhecidos e reconhecidos. Há teorias inúmeras sobre tais fatos, mas não ousaremos explicitá-los, deixando tal mister para os mestres e doutores estudarem e tecerem suas teses.
No próximo ensaio falaremos sobre a volta de D. Pedro I para Portugal, sua assunção como Rei de Portugal, sob o título de Dom  Pedro IV que, ao sair, deixou seu filho Pedro II que mais tarde foi Imperador do Brasil até a Proclamação da República, em  1889 pelo Mal. Deodoro da Fonseca.

terça-feira, 23 de abril de 2019

RICARDO DE BENEDICTIS - ARTIGO

SUPREMO EM CHEQUE
Ricardo De Benedictis
Está difícil exercer o jornalismo. O STF – Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário, não merece mais a confiança dos brasileiros. Portanto, quem é responsável pelo noticiário, nesta espinhosa missão que o jornalismo impõe, vê-se amordaçado por ameaças de toda ordem e sente-se inseguro para manter-se íntegro na sua precípua obrigação de informar e comentar os fatos.
O STF que deveria ser o guardião mor da nossa Constituição, parece-nos atabalhoado, sem rumo, fruto de escolhas erradas da esquerda que nomeou nove dos seus onze atuais ministros, todos, sem exceção, porque serviam aos ‘reis’ de plantão, desde Sarney até Michel Temer.
O STF começou a banalizar-se quando passou a receber ‘n’ questionamentos de partidos políticos, em contestação às atitudes legisferantes do Poder Legislativo, da Câmara e do Senado da República, trazendo algo que atrapalha o desenvolvimento e faz imperar a ‘insegurança jurídica’ cantada em prosa diariamente pelos nossos meios de comunicação.
Desde que o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO foi proibido, sob pena de ‘empastelamento’ e multas astronômicas de publicar matérias relativas à família Sarney, envolvida em corrupção no Maranhão, governada à época pela filha do ex-presidente – Roseana, com acusações e apreensões de dinheiro vivo em seus escritórios, associado aos pleitos pretéritos, de lá para cá, com as intervenções de ministros como Ricardo Lewandowski, no processo do ‘MENSALÃO’, as brigas e palavras impublicáveis ditas por ele e pelo ministro Joaquim Barbosa, ao vivo pela TV Justiça, posteriormente a intervenção desastrosa de Lewandowski no IMPEACHEMENT,  quando a ex-presidente Dilma perdeu o mandato, mas teve seus direitos políticos conservados, as idas e voltas das ‘liminares’, a intervenção ridícula do governador Flávio Dinno, do Maranhão visando anular a votação do impeachment que a Câmara tinha aprovado uma semana depois do processo já estar em curso no Senado, o posicionamento do então presidente Renan Calheiros em engavetar pedidos de impeachment contra ministros e sua negação em cumprir mandado judicial que o afastou do cargo de presidente do Senado, eis o resumo de fatos que se somaram a dezenas de outros que desaguaram no mar de lama atual, que achamos de difícil solução.
Não sei se vai acontecer agora, já que o governo está envolto na reforma da ‘previdência’ e não deve desviar o foco. Depois vem a Reforma Tributária. Depois há-de vir a Reforma do Judiciário , por último, a temida Reforma Política.
Aí, sim, o Brasil encontrará seu grande destino. Por enquanto, vamos a passos de ‘jabuti’, colocados nas árvores dos interesses nada republicanos, dos ladrões que nos governam há séculos!

segunda-feira, 22 de abril de 2019

RICARDO DE BENEDICTIS CRÔNICA

NOTRE DAME
Ricardo De Benedictis
A famosa Catedral de Notre Dame (Nossa Senhora), levou mais de dois séculos para ser construída e representa um marco para o catolicismo e para a cristandade em geral.
Foi imortalizada na obra de Victor Hugo, nos idos dos anos 1800 e tornou-se célebre no mundo, tendo sido tema de vários filmes que evidenciaram a figura de seu maior guardador, Quasímodo, também imortalizado na obra do grande escritor francês, que escreveu dezenas de livros importantes e que tornaram-se clássicos, apesar de atuais contestações de alguns jornalistas que o colocam como um ‘escritor popularesco’, coisa que não concordamos.
Acontece que estamos vivenciando a época dos absurdos. E tudo pode ser dito, tanto para elogiar quanto para denegrir reputações. A História da Literatura, entretanto, já apontou o lugar de Victor Hugo, como grande escritor. E esta polêmica não nos interessa, mesmo porque não estamos à altura de discutir com os doutos críticos.
A verdade é que estamos numa quadra difícil, onde valores humanos são barbaramente contestados e preponderam a ideologia e o ódio.
Sem querer entrar em méritos de questões tão sensíveis, resta-nos lamentar o incêndio que devastou a grande Catedral de Notre Dame de Paris e deixou a humanidade mais pobre.
OS MISERÁVEIS
Uma outra notável obra de Victor Hugo, OS MISERÁVEIS, também marcou época e é um clássico literário muito importante. Abaixo, registramos o significado do termo MISERÁVEIS, que nossa língua premiou com alguns sinônimos que merecem reflexão:
Que é muito pobre: 1 pobre, paupérrimo, mísero, necessitado, indigente, desvalido.
 Que é desprezível: 2 desprezível, baixo, vil, reles, torpe, infame, canalha, patife, calhorda, crápula, biltre, velhaco, verme, abjeto.
O que gostaríamos de salientar é de que, nem todo ‘miserável’ é despossuído de bens e valores. Muitos deles, mesmo com a pança e os bolsos cheios, podem estar listados na parte 2 da sinonímia, se é que me entendem aqueles que vivem para odiar, trair, denegrir, macular, chantagear. E que os bons não vistam esta horripilante carapuça!

sábado, 20 de abril de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

TÁ LASCADO!
Nando da Costa Lima
         O ambiente era o retrato da pindaíba: quando você vê estrelas pelo telhado é porque o barraco já tá pra desabar. A não ser que você seja compositor de samba e ache que é gostoso dormir olhando para o céu. No morro de compositor não chove e barracão vira bangalô. Mas na casa de Jorge Alicate o trem tava feio mesmo, não só dava pra ver as estrelas como os carros que passavam na rua pelas rachaduras na parede. Mesmo assim, ele e Nelza estavam alegres. Chegou um compadre que eles não viam há tempos. Era primo de Nelza e amiguíssimo de Jorge, e ainda trouxe um litro de pinga pra adoçar a conversa. Continuaram compadres mesmo com o afilhado tendo morrido num assalto: a vítima reagiu e o revólver dele era de brinquedo, o dono da loja descarregou um 38 nele. Mas não foi por isso que os amigos deixaram de se tratar como “cumpades”. O cumpade Nô Bicudo morava longe, era só de vez em quando que ele aparecia. O casal ficou tão feliz que esqueceu até do miserê que vivia. Nô Bicudo, além do litro de pinga, trouxe um frango assado, farofa e meia dúzia de maçãs para a comadre. A conversa ficou animada, lembraram da infância, da juventude.... Estavam dando risadas à tôa, sorriam até da pindaíba que sempre os perseguiu. Nô gostava de conversar e tinha uma opinião formada pra tudo, principalmente quando se tratava da pobreza vigente. Para ele, isso só acontecia com gente ruim. Nelza tentou consertar:
— Mas cumpade, e nós?
— Nós somos ricos das graças de Deus. Eu tô falando dos que não têm nem um teto pra descansar embaixo. A gente pelo menos ainda tem uma televisão, um rádio, uma geladeira… Não podemos queixar de nada. Hoje mesmo é terça-feira e nós estamos aqui comendo galinha assada e tomando pinga. Tem coisa melhor? Pior é Cabral que ficou rico mas não vai poder gastar?
— É, mas dizem que mesmo na cadeia, rico dá um jeito de comer caviar. Você já comeu caviar, cumpade?
— Eu não. Lucrécia, que só trabalha em casa de rico, disse que tem mesmo cheiro de roupa suja. Nem quis provar.
— Mas mudando de assunto, o cumpade parece que tá por cima da nota, trouxe até galeto.
— Quê que é isso, Jorge. Esse frango o dono do bar me deu porque já tinha quase uma semana que ele tava girando na churrasqueira, era pequeno demais. Eu só fiz dar uma limpadinha. Bastou soprar que os morotós sumiram tudo. As garrafas de pinga eu peguei num despacho.
— Isso que é um cumpade, lembra dos amigos pra dividir o pão. A amizade é melhor do que qualquer fortuna. Só pra você ter uma ideia, se um amigo chegar na casa de um rico com uma galinha assada, ele vai achar que tá envenenada e que o sacana do amigo tá querendo matar o amigo pra casar com a viúva. Com a gente não tem dessas coisas… é melhor que a vida de muito rico.
— É, cumpade. Mas a verdade tem que ser dita, tem muito rico que sabe viver. Compra casa em todo lugar que gosta, só namora com artista… Isso sem falar que rico não precisa gastar. Se for famoso então, os puxa-saco não deixam eles pagarem nada. devia ser o contrário.
— Cala essa boca, cumpade. Tá querendo ser chamado de comunista?
— Quem vê você falando vai pensar que comunista não fica rico.
— Fica rico, mas divide, cumpade.
— Você já viu isso acontecer?
— Eu não, só tô falando o que escutei. Mas quem falou foi um dotô.
— Aposto como esse dotô não conseguiu ficar rico como médico.
— Ué, tá adivinhando agora? Como é que você sabe que o médico de que falei tá fudido?
— Mas isso tá na cara. Todo profissional liberal que chega nos cinquenta anos e não consegue ficar rico vira comunista.
— É, vamos deixar essa conversa sobre comunista pra lá, o que importa é que estamos vivos. Pior foi aquele menino, eu fiquei dois dias sem dormir. Tá doido, vai ser azarado assim nos “inferno”. Eu soube que você e a cumade fizeram até promessa pra padim Cícero proteger o menino. Por isso fiz questão de vir aqui, a atitude de vocês me deixou comovido. Vou comprar até mais um litro, vocês merecem. O bichinho tá sofrendo já faz tempo, se eu pudesse dava uma perna pra ele…
— Ué, cumpade. Mas por que a perna toda? O bichinho só operou o dedinho do pé.
— Eu sei que só foi o dedinho, mas pra um menino bom daquele eu dou até a vida, quanto mais uma perna. Coitado de Neymar Júnior, tá lascado… e nois aqui tranquilo, comendo frango assado e bebendo pinga. Dá vontade de chorar, tadinho do bichinho!

terça-feira, 16 de abril de 2019

BIG BEN - CRÔNICA

Viva sua excelência, a Picanha!
BIG BEN
No episódio que ficou conhecido como “Milagre dos Andes”, um avião da Força Aérea Uruguaia , com 45 pessoas a bordo, levava o time de rugby uruguaio para uma partida amistosa contra um time do Chile, em Santiago. Em meio à viagem, um acidente faz com que o avião caia em plena neve. Devido ao péssimo tempo, após inúmeras tentativas, as equipes de salvamento desistem de procurar por sobreviventes. Após semanas sem comida, os sobreviventes da queda do avião passam a viver um dilema: ou se alimentam de carne humana dos que já faleceram, ou também irão morrer.

Dois dos sobreviventes, munidos de apenas água, cápsulas de carne humana e sem equipamentos especiais, aventuram-se na imensidão do Andes com o intuito de procurar ajuda, deixando o restante do grupo na fuselagem do avião. Pasmem, esses homens corajosos e destemidos cumpriram uma jornada épica de 100 km, escalaram grandes montes durante um período de aproximadamente 10 dias, tudo isto debaixo de um frio avassalador, até que conseguiram, milagrosamente, estabelecer um contacto com um montanhista. Água e carne mantiveram a vida dos sobreviventes por um bom período de tempo, mais precisamente, 72 dias em um ambiente considerado um dos mais inóspitos do planeta.

Eu não vou entrar no mérito do tabu, ou seja, a prática do canibalismo. Eu vou me referir a "carne humana", simplesmente como "carne". Como isto é possível? Com relação a água, todo mundo sabe da sua importância para a manutenção da vida. Não existe vida sem água. Não existe água sem vida. A sua ausência em pouco tempo provoca a desidratação, comprometendo uma série de funções do organismo, e se o reabastecimento de fluídos não ocorrer no prazo de 4 a 7 dias, a pessoa pode morrer. Muito bem! O que tem a carne de tão especial?

Antes de respondermos a esta pergunta, vamos entrar no túnel do tempo e viajar para um tempo em que os nossos antepassados se comunicavam com gestos. Um tempo em que os dias eram muito frios. Um tempo em que a natureza não perdoava os menos capacitados, os menos habilidosos. Um tempo em que a comida era a mais natural possível. Um tempo em que as ferramentas eram de pedra, madeira ou osso. Um tempo em que as paredes das cavernas eram pichadas com cenas do cotidiano. Enfim, um tempo em que os seres eram fortes e destemidos.

Imaginem a cena: Gritos, gemidos, sons onomatopéicos, bando de hominídeos correndo em disparada, confusão generalizada, perseguição, feras alucinadas encurraladas, paus, lanças, pedras, tudo o que estivesse ao alcance das mãos, ansiedade, medo, sangue, muito sangue, morte anunciada e êxtase.Todo esse esforço monumental para atender há uma necessidade essencial: "comer carne".

Se nossos ancestrais não tivessem um dia preferido o bife à alface, você não estaria lendo este texto agora. Foi o aumento no consumo de gordura e proteína animal, ocorrido há 2 milhões de anos, que possibilitou o crescimento do nosso cérebro poderoso até chegar ao tamanho atual, segundo Rui Murriela, professor de antropologia biológica da Universidade de São Paulo. Que me perdoem os vegetarianos de plantão, mas não existe um substituto à altura  para esse "manjar dos deuses". Viva sua excelência, a Picanha!

sábado, 13 de abril de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

CAÇOLA É COM “C” CEDILHA
 Nando da Costa Lima
            Só descobriram porque Dão Cheiroso, que era apaixonado pela noiva, botou tudo a perder. Isto é: esculhambou com a vida do professor que já chegou ali com a intenção de montar um grupo de teatro. Tá certo que naquela boca de caatinga, falar era coisa rara! Talvez porque o ano foi de chuva, o pessoal tava até mais sociável, suportaram aquele prosa ruim explicando que era especialista em expressão facial, que estava ali à disposição do povo pra transmitir seus conhecimentos das artes cênicas e aproveitar e ensinar à mulherada a ler e escrever. 95% da população era analfabeta! Só aquele doido metido a professor pra salvar a situação preenchendo o tempo com alguma coisa útil. Teve que começar com o ABC. Foi nessa que Guilherme “Lorão” uniu o útil ao agradável: ele tinha saído da capital do Sudoeste esporreteado pelo cunhado que já tava cansado de sustentar aquele preguiçoso metido a artista. O cunhado jogou a mala de Guilhermão no meio da pracinha do Gil num horário de movimento, todo mundo viu. Agora não dava mais pra ele ficar naquele ambiente, tinha queimado o filme! A irmã ainda ajudou, deu um pouco de dinheiro pra ele comprar uma passagem pra roça, lá ele sossegava o facho e parava com aquela conversa de ator perseguido pelo sistema.Quando chegou no povoado, foi logo notado: era dia de feira... Mas mesmo que não fosse, todo mundo ia notar aquele vara-pau de 1,90 usando um terno branco bufado e um Vulcabras 46 lustrando. Foi logo apelidado de “Vara” pelos biriteiros e futuros colegas de copo do mestre das artes cênicas. O “Lorão” é porque ele já tava ficando grisalho e dum dia pro outro apareceu todo pintado de louro, até os do suvaco!
            Seis meses se passaram e Guilherme já tinha virado uma celebridade, a cidade tinha a maior estima pelo mestre, ele não ficava um dia sem ser convidado pra almoçar ou jantar na casa de uma das suas alunas, todas senhoras bem casadas. O fogão de Guilhermão tinha tempo que não via fogo, deu até teia de aranha. Mas tinha que ser assim, o homem era retado: além de alfabetizar, ainda dava aulas de teatro. Estava empenhado de corpo e alma na cultura regional, dava até pra ser Ministro da Educação. Sabia até falar português, isto sem contar a “treita de sete jegues”. Ele já tava mandando, dava opinião em tudo. Os homens saíam cedo para o campo, só tinha trabalhador rural... Capinar na caatinga não é pra qualquer um, bater enxada numa terra seca e cheia de pedra... Um dia parece uma eternidade. Mas enquanto os maridos metiam a enxada chão adentro, as senhoras ficavam em casa aprendendo a ler e representar. E é claro, cozinhando quitutes para o mestre. E aquele safado ainda tinha coragem de botar defeito nas comidas que ele não gostava. Quase toda casa tinha uma rede pro filho da puta do professor de teatro. 
            Como já foi dito, o problema começou por causa do ciúme doentio de Dão Cheiroso. Também, foi arranjar uma noiva com uma bunda que parecia uma escultura... É claro que tinha que morrer de ciúme. Ô bundão! Antes ela vivia aos chamegos com o noivo e dono do único boteco da terra. De repente, começou a botar defeito em tudo que Dão fazia. Ele ficou retado, não podia mais nem passar meleca no balcão ou cuspir no chão do boteco, tudo era “gafe” pra ela depois que o sacana do professor mudou pra lá. Um dia Dão encheu o rabo de pinga e esculhambou com a raça do filho duma égua do professor. Ofendeu até as senhoras que eram alunas do mestre Lorão. Sua noiva ainda tentou se defender falando que as 32 vezes que o “pró” foi na casa dos pais dela foi pra tirar alguma dúvida escolar (os pais dela já tinham morrido há mais de dez anos, só moravam ela e a avó caduca). Aí Dão ficou mais retado do que já estava e acabou de detonar o sacana do “artista” que, segundo ele, já tinha corrido a mão boba na maioria das mulheres que ele dava aula. E pra frisar mais a safadeza, citou o nome de dona Clemilda, casada com Climério Pato Roco, poeta e apaixonadíssimo pela esposa. Quando não estava capinando, tava escrevendo versos para a musa. Climério, que tava no buteco, perdeu a cabeça e quebrou o linguarudo na porrada. Subiu pra casa retado, levou um litro de pinga que secou ainda no caminho e já chegou na residência com a conversa armada. Sentou no sofá, chamou a mulher e perguntou educadamente, quase chorando... Era um homem apaixonado!
— Clemilda, eu só quero que você seja sincera comigo. Você sabe que eu sou poeta e jamais partiria pra ignorância. É que eu fiquei com uma pulga atrás da orelha depois da conversa de Dão Cheiroso, ele chumbou e abriu o bico. Esculhambou com a raça do professor. Disse que o mestre tá correndo a mão boba em todas as alunas. O povo tá esperando ele voltar de Conquista pra quebrar ele no pau, tá todo mundo retado! Aquele tarado merece. Segundo Cheiroso, a mulherada que aprendeu o ABC com ele, quando chegava no “X” de “Xexéu” e no “Z” de “Zebra”, o professor já tinha corrido a mão boba no corpo todo. E quando passava pra cartilha da Lili e ensinava a botar cedilha em “caçola”, é porque o negócio já estava adiantadíssimo. É por isso que eu tô com uma pulga atrás da orelha, você é a maior lindeza e é aluna daquele safado... Será?
— Ué, Climério. Cêtá me achando com cara de quê??? Cê acha que eu sou as putas da Rua da Capela? Me respeite! Tá igual menino, acreditando em fuxico de dono de buteco. Isso é porque a noiva dele é a aluna mais aplicada.
— Tá bom, Clemilda. Cê tem razão, eu vou parar com essa bestagem. Mas será que dá pra você soletrar “caçola” só uma vez? É pra me desencafifar de vez e parar com esse ciúme besta.
            E só depois que Clemilda soletrou “caçola” com “ss” é que ele foi ficando mais calmo, sossegou e dormiu o sono dos justos... Sabia que a mulher ainda não tinha aprendido a botar cedilha em “caçola” com aquele professor filho da puta. Dava tempo de evitar o pior, deixa aquele sacana chegar da capital. Antes de pegar no sono, planejou comprar uma garrafa de Jurubeba Leão do Norte. Tinha que mostrar pra Clemilda que ele ainda era um touro... Touro não! Outro bicho. Um leão, que não tem chifre.

sábado, 6 de abril de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

  O milagre das pombas
Nando da Costa Lima
Eu acredito em milagre...
Quando aconteceu faltava um ano pra virada do século, foi na "fome de 99", a estiagem havia torrado o sertão baiano. A miséria era geral, o gado morria por falta de pasto e água, as plantações foram todas queimadas pelo sol. O povo estava em desespero.
Aqui em Conquista a coisa estava feia, só não tava pior graças ao velho Poço Escuro que nunca secou. Os alimentos remetidos pela vizinhança menos sofrida com a estiagem nunca davam pra suprir as necessidades da população ca­rente de tudo. A fome estava presente em todas as casas hu­mildes. Só os ricos faziam três refeições diárias (mais ou me­nos como hoje). A população estava assustada, com mais um mês de seca nem o Governo do Estado podia contornar a situação. Quem morava nos interiores mais afastados da Ca­pital ficava encurralado. Em 1899 as cargas eram transporta­das em lombo de burro, as tropas só estavam viajando à noite para evitar o castigo do sol que arrasava o sertão, e esperar ajuda da Capital era sonho. O Conquistense teve que se virar com o pouco que restava. A estiagem acabou com tudo, nem a mandioca resistiu, isto tirou a alimentação básica da região. Sobreviver tava tão difícil que uma semana de trabalho de um homem era pago com três litros de farinha. As crianças eram quem mais sofriam, a desidratação e a inanição matavam diariamente. Foi nesse tempo de miséria e miseráveis que aconteceu o Milagre das Pombas.
Quem primeiro viu foi Chicão, ele vinha de uma fazenda da redondeza trazendo um frango magro pra vender em Conquista a preço de ouro, sabia que comida tava custando os olhos da cara. Foi no Capão Grande que ele avistou o pri­meiro bando de pombas, eram milhares delas, ficou curioso e entrou caminho adentro tentando descobrir o motivo daquelas aves estarem naquele lugar tão castigado pela seca, pensou até que podia ter uma nascente desconhecida. Só depois de al­gum tempo que ele veio notar a quantidade de ninhos espa­lhados pelos garranchos secos, tinha ovo em tudo que é canto, até no chão! Chicão encheu a algibeira e o chapéu. Aí ele ajoelhou-se, fez o nome do Pai, sabia que aquilo era coisa de Deus, rezou uma Ave-Maria era um presente do Senhor! Disso ele não tinha dúvida.
Quando a notícia se espalhou, toda população quis cer­tificar-se. E no local indicado por Chicão eles encontraram milhares de ovos espalhados pelo pasto seco, o povo enchia os cestos. A fome foi amenizada acentuadamente com a ajuda das aves. Em reconhecimento, o Intendente Municipal José Antônio de Lima Guerra proibiu que as pombas fossem caçadas enquanto permanecessem por aqui, elas salvaram muitas vidas. O povo estava agradecido, e as pombas só partiram quando a chuva voltou a molhar o sertão baiano. Sim, eu acredito em milagre...

quinta-feira, 4 de abril de 2019

BIG BEN - CRÔNICA

A fé em Jesus move Montanhas!
BIG BEN
Você já assistiu o filme Milagres do Paraíso ? Caso você não tenha assistido, eis a sinopse: Trata-se de um filme onde uma menininha de nome,  Anna, começa, de repente, a sofrer de fortes dores crônicas na região do abdomem. Após muitos exames, é constatado que a garota possui uma doença rara e incurável que compromete, seriamente, a sua qualidade de vida.  A pobre meninha , durante um período de aproximadamente 3 anos, passa por uma série de processos médicos dolorosos. Sem contar que, muitas das vezes, ela não podia se  alimentar normalmente. Ao invés de comida, durante meses consecutivos, sobrevivia graças à uma mistura  de proteínas e nutrientes que era inserida para dentro do estômago através de uma sonda. Ao chegar aos 8 anos, ainda muito debilitada, Anna e suas irmãs decidiram brincar numa árvore gigante e centenária que havia no quintal da casa da família, e de repente, um galho quebra, levando Anna pra dentro do tronco da árvore. O tombo foi enorme, despencou por metros e sofreu uma batida na cabeça que deveria ter sido fatal. Sua família não esperava que a recuperação da garota fosse tão rápida — mas o que menos esperava era que, depois do grave incidente, sua doença crônica seria milagrosamente curada.

Na verdade, esse filme foi baseado na história real da Família Beam, que mora no Texas, Estados Unidos, ele relata um verdadeiro milagre. Milagre, para quem não sabe é qualquer fato que a ciência ou a lógica não conseguem explicar. E foi isso que aconteceu com a jovem Annabelle (Kylie Rogers). A menina, desde os cinco anos de idade começou a apresentar problemas no seu intestino e estômago, que simplesmente não funcionavam, fazendo com que dependesse de medicação constante para a dor crônica e também o uso de tubos auxiliares para digestão. Sua mãe, Christy (Jennifer Garner) resolve então procurar ajuda com o melhor especialista pediatra dos Estados Unidos, Dr. Nurko (Eugenio Derbe), precisando cruzar o país para as consultas e tratamento em Boston. Com as constantes viagens, o pai de Anna, Kevin (Martin Henderson) precisa trabalhar em turnos múltiplos, além de vender alguns bens para financiar as despesas médicas. A família é muito religiosa e frequenta uma Igreja Protestante, mas Christy começa a questionar sua fé, por não entender o porquê de sua filha sofrer tanto. Nem mesmo o reverendo Scott (John Carroll Lynch) consegue explicar para ela. Mas enquanto a mãe perde a fé, a menina nunca a perdeu e confia em Jesus. Até que uma outra tragédia assola a família e um novo milagre acontece. Após uma queda terrível e uma batida na cabeça considerada fatal, a menina inconsciente, durante o resgate das equipes de salvamento, visitou o Paraíso. Recebida pelo próprio Jesus, desfrutou da presença dele até ouvi-lo dizer que ela tinha de voltar para dar um testemunho de sua fé inabalável.

Quando a sua luz divina estiver se apagando e você se sentir cansado de vagar sem rumo, completamente nocauteado pelas intempéries da jornada, esperando apenas o apito final, as cortinas se fecharem, e o anjo da morte bater à sua porta e sacramentar o seu retorno à eternidade do amor, lembre-se: "A fé em Jesus move montanhas!"

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