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sábado, 29 de junho de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CORDEL

Marieta da Esquerda

Nando da Costa Lima
Marieta era mineira
                            Fez direito em Teófilo Otoni
                            Na época da repressão
                            O pai foi torturador,
                            a mãe muitos dedurou
                            tinha um tio que era espião
                            Marieta era direita
                            Tomou gosto pela esquerda
                            Depois de ter apanhado
                            Do soldado Valdemar
                            Que era marido dela
                            Antes do cabo Vavá
                            que também largou a tempo
                            por gostar de maltratar,
                            era mal de militar.
                            Marieta depois disso
                            Tomou raiva da direita
                            Comprou uma boina do “tchê”
                            Decorou O Capital
                            E foi pra cama com Gabeira
                            Antes dele esverdear
                           Ela era radical
                           Só dava pra intelectual
                           Guerrilheiro e agitador
                           Só pra proteger a causa
                           Trepou com muito “dotô”
                           Mas depois da abertura
                           Marieta sossegou
                           Só ficou a paranóia
                           que sempre a acompanhou
                           Não permite militar
                           no puteiro que montou.
 P.S. O tempo passou e a filha de Marieta, hoje, politicamente correta, permite qualquer um no recinto.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

NOTÍCIAS DA SEMANA - ARTIGO

“O QUE DIZ A IMPRENSA”
 Ricardo De Benedictis
01 - Ângela Merkel, premier alemã, mandou um recado insólito ao Brasil e foi imediatamente contida pelo presidente Bolsonaro.
A turma da esquerda achou absurda a falta de fair play do capitão. Grosseira mesmo foi a alemã que, a despeito de colaborar com o ‘Fundo Amazônico’, quer interferir em nossa política ambiental.

02 - O CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público, mandou para o arquivo as acusações que recebeu dos partidos de esquerda que tentam destruir a heróica Operação Lava-Jato. Isso vai gerar muita especulação nos próximos dias, enquanto o ex-juiz e atual Ministro da Justiça – Sérgio Fernando Moro recebe inúmeras honrarias nos Estados Unidos!

03 – Gilmar Mendes tem se reunido por inúmeras vezes com os presidentes do Senado – Davi Alcolumbre e da Câmara Federal – Rodrigo Maia. Entrementes, senadores de vários partidos cobram da Tribuna, quase que diariamente, que Alcolumbre ponha em votação no plenário se o processo de impeachment de Gilmar deve ou não ser instalado no Senado. Pelo visto, Alcolumbre está ‘enrolando’ seus pares e ímpares!!!

04 – O Juiz da Lava-Jato no Rio, Marcelo Brettas, foi entrevistado na Globonews, um dia antes de Gilmar e fez importantes esclarecimentos sobre su8a vida pessoal e funcional. Ele e Sérgio Moro estão na História do Brasil, gravados para sempre como heróis nacionais!

05 – O 2º Sgt. da Aeronáutica, preso em Sevilha, na Espenha, com 39 Kgs. De cocaína, deveria ser considerado um criminoso de guerra e ser fuzilado. Mais um infame que mancha a imagem do nosso país, logo na Espanha, cujo governo é leniente com o crime e guarda um covil de ladrões e assassinos em sua sangrenta e nojenta história! Lembrando que o traficante preso, segue o caminho de um coronel que foi preso em Recife com 30 kgs. de droga há vinte anos. Uma vergonha!

06 – Até que enfim, a seleção brasileira conseguiu vencer a briosa equipe paraguaia que lutou até o fim para não cair. Os paraguaios entraram em campo para empatar e conseguiram. Firmino chutou pra fora um penaltye e Gabriel Jesus converteu o último! Que sofrimento!!!

07 – Cresce o clamor de que Grennwald  do site ‘Intercept’ - tenha comprado o mandato do ex-deputado do PSOL Jean Willis que fugiu do Brasil e ainda lhe manda mensalmente 50 mil reais para falar mal do Brasil no exterior. Não sabemos quais os meios legais, mas passa da hora do governo Bolsonaro expulsar esse canalha do Brasil. Já temos bandidos em demasiado e não precisamos de albergar mais um!

08 – A Noruega anda poluindo nossos rios na Amazônia e quer mandar na política ambiental do nosso país a troco de migalhas. Seria de bom tom que Bolsonaro desse fim ao fundo e devolva o bilhão dessa turma. Aproveite para anular as benesses de 7 bilhões de impostos que eles deixam de pagar por incentivos para exploração dos nossos mananciais minerais  que lhes foram concedidos pelos Ptralhas!!!!

sábado, 22 de junho de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

“PILÉRA”
Nando da Costa Lima
            Apesar da idade avançada, Dona Epistolina era lúcida e podia se locomover com facilidade. Só não podia beber bebida quente. A única bebida que ela ainda podia degustar era a Jurubeba Leão do Norte, ela até relacionava sua vitalidade com o melhor vinho composto do mundo. Mas quando tomava cachaça, ficava insuportável, ficava tão escrachada que foi o jeito parar. Tinha mais de quarenta anos que não bebia. Mas não é todo dia que se faz 90 anos, e essa data tinha que ser comemorada na fazenda preferida da matriarca, a “Três Cancelas”. Ela tinha mais energia que muita mulher jovem, não parava num canto! Não precisava de ajuda pra nada, só não gostava de dirigir. Mas isto não era problema: como era muito rica, sempre tinha uma cambada de netos e afilhados pra lhe acompanhar. Ficava viajando de uma fazenda pra outra, tinha várias! Mas a preferida era a Três Cancelas, ali foi o palco de grandes festas: São João, batizados, casamentos, etc. Na família tinha de tudo: cantor, ator, jogador de futebol, jogador de baralho, médico, pastor, político, padre… Tinha até um artista plástico famoso que ia presentear a madrinha com um quadro de nu artístico. E foi esse presente o responsável pelo mal entendido entre Dona Epistolina e suas filhas, netas, afilhados e convidados.
            A matriarca teve uma recaída e fundou na pinga, já tava empurrando o jipe. Falou o que devia e o que não devia, rasgou o verbo. Tudo começou quando o afilhado pintor tirou o pano que cobria a obra de arte. Dona Epistolina colocou a mão na cabeça e falou pro afilhado artista:
— Meu filho, sua pintura me fez lembrar do jegue Piléra.
            Os mais velhos tentaram evitar que Epistolina entrasse em mais detalhes da vida de Piléra, aquilo não pegava bem num almoço festivo. Mas não teve jeito, ela já estava de pé na cabeceira da mesa quilométrica. Tinha que ser assim pra caber tanta gente. A velha aumentava o volume da voz quando bebia, parecia que tava com um megafone. Uma das filhas fez um sinal pra ela maneirar, foi aí que ela ficou retada. Mandou a filha “se assuntar”, sentar o rabo gordo na cadeira e ficar calada. Ela não queria ser interrompida enquanto falava, e ameaçou:
— Se vocês não deixarem eu contar a história do Piléra, eu vou contar a história do Javanês que tinha um bar na Moranga - e deu um suspiro! (Essa era a história que a família mais temia).
            Depois da ameaça, ninguém mais tentou interromper, e Dona Epistolina continuou a história.
— O jegue tem esse apelido porque uma vez um senhor de São Paulo, de passagem pela cidade, quando viu o jumento excitado correndo atrás de uma égua, não acreditou. Ficou abismado. Abriu os braços como se estivesse medindo e falou: “Deve ser pilhéria”. Aí o povo que tava em volta aproveitou e colocou esse nome no jegue “Piléra”. “Pilhéria” é coisa de paulista. Ele reinou absoluto nos mangueiros e ruas da cidade, ficou famoso por seu apetite sexual. E por ter um defeito na pata, não servia pro trabalho, mas todos sabiam de suas histórias. Nesse tempo, os jegues ainda eram usados pra transportar água potável do Poço Escuro, a água vinha com carotes. Tinham também os feirantes que se locomoviam e transportavam sua produção em jegues, usavam cangalhas. E isso não tem muito tempo não - continuou Dona Epistolina da “Três Cancelas”.
As filhas e netas ainda tentaram interromper mais uma vez:
— Aí tá bom, vovó. Para com esse negócio de jumento, conta outra história….
Então a velha fechou a cara, virou outra cachaça e deu uma bronca conjunta em quem estava na festa:
— Eu vou contar a história que eu quiser. Estou na minha casa, os incomodados que se retirem.
            Aí ficou todo mundo quieto, escutando a história do famoso jumento.
— Piléra ficou famoso porque era muito bem dotado, pode até ser que aquele defeito na pata tenha ajudado na lenda, parecia que o bicho tinha cinco patas! Quando tinha feira ele aprontava, já derrubou muita barraca perseguindo as éguas usadas pelos feirantes. Só parava quando alcançava seu objetivo. A prefeitura até tentou evitar esses incidentes prendendo Piléra no mangueirinho de Dona Zezé quando era dia de feira. Mesmo assim, ele sempre dava um jeito de escapulir pra ir atrás da tropa de feirantes. A meninada gostava de ver Piléra em ação, acho que era por isso que ele sempre fugia do mangueiro.
            A velha insistiu com a história do jegue e o povo que tava na mesa não podia falar nada. Só um padre se levantou e saiu resmungando, já conhecia a história do jumento indecente.
— Tinha gente que falava que o jegue era encantado e que pertencia à velha da Rua do Gancho. Teve dois amigos que viram Piléra voando com a velha na garupa. Nisso eu nunca acreditei. EU, Epistolina da Três Cancela, juro que nunca vi essa assombração, é invenção dos cachaceiros do Magassapo que mataram Piléra… Eles tiraram a vida do bicho por causa de uma aposta. Os biriteiros fizeram uma lista pra ver quem acertava o tamanho da ferramenta do famoso jumento. Muita gente da cidade arriscou um palpite, a bolada tava boa. E foi isso que empurrou o jegue pra morte: como ninguém quis medir Piléra vivo, tiveram que abater o animal, coitadinho.
            Acabou de falar e caiu num choro profundo… A filha mais velha recriminou a mãe:
— Como é que a senhora tem coragem de chorar a morte de um jumento? Isto é heresia!
— Não é por causa de Piléra não, minha filha. É que eu me lembrei da minha juventude, e dos comícios e festas da vida.
— E qual foi a relação da sua juventude com um jumento? Tá parecendo uma velha despudorada, que coisa feia!
— Não fica enfezada comigo não, minha filha. Quando eu contei a história do jegue, os pensamentos da minha época de moça vieram todos de uma vez: festas, casamentos, Palmeira, comícios… Ui, minha nossa senhora.
— E quem é esse Palmeira, mãe? Pelo que eu sei, o nome de papai era Astrogildo.
— Deixa essa conversa pra lá, Palmerinda, foi a cachaça que misturou tudo nos meus pensamentos. Apareceram histórias que estavam escondidas no porão.
            Quem estava presente notou que o semblante de Dona Epistolinda era o de uma menina de 20 anos. Viajou longe, foi no melhor lugar de sua vida ao se lembrar de uma simples história. É claro que a cachaça deu uma força. Ninguém falou mais nada naquele dia, foram todos embora com Piléra na cabeça. Só ficaram sabendo que o ganhador da aposta morava na Rua do “Motô”. A filha não deixou a velha falar nem a metragem, nem quem mediu.

Ao meu amigo “Pirigoso”


segunda-feira, 17 de junho de 2019

RICARDO DE BENEDICTIS - DOAÇÃO DE LIVROS!



Base Comunitária da PM arrecada livros para montar biblioteca e promover Oficinas de Leituras

A Base Comunitária de Segurança da Polícia Militar (BCS) do bairro Nova Cidade, em Conquista, iniciou nesta quinta-feira (13) a arrecadação de livros para montar na unidade uma biblioteca.
Com a iniciativa , a BCS irá promover Oficinas de Leituras para crianças e adolescentes de maneira divertida, atrativa e lúdica com o objetivo de despertar o hábito e o interesse pela leitura. Os livros objetos da Campanha são somente Infantis, Literários e de Romance, os didáticos não estão sendo arrecadados por não serem interessantes para o projeto.
Quem deseja contribuir deve se dirigir a um dos dois pontos de arrecadação, que são:
1 – 77ª Companhia Independente de Polícia Militar – situada na rua A, intersecção com a avenida Erathosthenes Menezes, no Candeias. Os pontos de referência dessa unidade militar são a Bella Forma Clínica de Cirurgia Plástica, na avenida Jorge Teixeira, e a Secretaria Municipal de Educação, Smed, na Vila Emurc, Candeias.
2 – Base Comunitária Nova Cidade – situada na rua G próximo ao Posto de Saúde do bairro Nova Cidade.
Para mais informações os contatos são: (77) 3421.3130 e (77) 99961.2669
Nota do blog: Estaremos doando 100 livros de poesia, contos e crônicas de nossa lavra e de autores locais e de outros Estados, além de autores internacionais. E desde já, agradecemos ao Soldado Villasboas que atendeu gentilmente nossa ligação e nos deu retorno para combinarmos a entrega dos exemplares que doamos. Parabéns, à briosa Polícia Militar da Bahia, sempre atenta às necessidades da população!

sábado, 15 de junho de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

A outra banda da história

Nando da Costa Lima
Foi real demais pra ser verdade… Sei lá, parece até que foi sonho misturado com verdade. Do jeito que ele contava, o ouvinte perdia horas escutando suas histórias sobre a abdução dos índios que povoavam o Planalto da Conquista até o século XVIII. Benevides Cantador falava com autoridade, eu acho que é verdade. Segundo ele, os fundadores da Vila da Vitória não mataram nenhum índio. Tem gente que diz que ele ficou meio amalucado depois que achou uns manuscritos, tipo um diário dos seus antepassados. Se foi isso mesmo, não devia ter mexido. Ficou sabendo de tanta barbaridade que passou 8 dias sem dormir nem falar nada com ninguém. Quando voltou a conversar e a se alimentar, já foi com essas histórias de disco voador levando índio pra morar em outros planetas… E Benevides preparava o ambiente antes de entrar no assunto: falava da altitude da terra do frio, um tabuleiro num descampado! Daí a ser um lugar místico, atrai muita energia cósmica e espiritual. Ele narra a travessia dos Imborés pra Marte em versos…
Uma nave resplandecente, que do céu incandescente desceu na terra ainda bruta, para evitar uma luta que seria desigual. Os brancos vinham armados, e também bem motivados: sabiam que a terra era boa. Lutariam até a morte com os donos do lugar. João estava decidido, fez até uma promessa, prometeu a Nossa Senhora que assim que lá chegasse ergueria uma igreja em sua homenagem. Todos da caravana fizeram questão de jurar junto com o chefe que daquela terra eles não iam abrir mão. Muitos olheiros tinham ido na região e só voltaram com boas notícias, falavam que era divisa da caatinga com a mata, no inverno era só descer a serra pra aquecer os rebanhos e os homens… No alto da serra tinham várias nascentes de águas cristalinas e a vista se perdia no horizonte. João sabia que era o lugar certo pra criar raízes, e assim fez o nosso fundador. Fez daqui a Vila da Vitória. Só que a história escrita diz que houve vários conflitos com os índios, que mantinham uma dura resistência. Para eles era um paraíso, no inverno desciam pra caatinga. Quem mais sabia o quanto a terra valia eram eles. E as coisas foram resolvidas violentamente, era o único jeito… Dizem que os canos dos clavinotes derretiam de tanto atirar em índios. Não podemos julgar as atitudes dos homens sem termos vivido sua época! Uns falam que foi genocídio, outros acham que não. Pra se ter uma ideia formada é necessário que se aprofunde na história real, não em achismos.
            A história de Benevides Cantador era totalmente diferente de tudo que se escreveu ou se contou sobre Vitória da Conquista; Segundo ele, não tinha um índio quando João chegou no Planalto, só ficaram os acampamentos e as marcas da rodeira do disco voador…
— E disco voador tem rodeira?
— É claro que tem! Quando tá em terra, ele usa rodeiras. Entendeu, Dermeval? Você é metido a inteligente só porque é jornalista em São Paulo. Se for pra interromper eu vou deixar essa história de lado e você que se arrume com as mentiras dos livros de História. 
Dermeval pediu desculpa, era ele quem mais tava interessado no caso. Era mais uma história que ele poderia publicar num jornal de “Sampa. Benevides aceitou a desculpa, virou outra cachaça e perguntou pro dono da venda:
— Em que parte da história eu estava mesmo?
            O rapaz lembrou que ele tinha parado na hora que o disco voador desceu do céu e abriu as rodeiras. Benevides Cantador apertou a gravata e continuou!
— Tem que ter “ciênça” pra entender. Um alienígena saiu do discão, desceu uma escada rolante de mais de quinhentos metros e falou na língua dos índios: “Pataxós pra esquerda, Camacãs pra direita e Imborés na parte de cima do disco”.
            Segundo essa versão da história, os índios no início ficaram assustados, mas quando o capitão do disco voador falou na língua deles que tava vindo uma porção de homens brancos pra tomar a terra, aí não teve jeito. Os próprios chefes de cada tribo mandaram todos subirem na nave. O capitão alienígena falou que os deixaria num lugar seguro, e assim o fez. Deixou os pataxós e os camacãs no sul da Bahia, e levou os imborés pra morar com eles em outra galáxia (Segundo Benevides, os imborés tinham parentesco com os alienígenas). Tanto é que você vai pra Porto Seguro e só vê pataxó.
— Quem fala que viu imboré tá mentindo, assim como é mentiroso quem falar que por aqui houve genocídio — Continuou Benevides — Eu, Benevides Cantador, parente dos fundadores, garanto que aqui não morreu um índio. Foram todos abduzidos antes da tragédia graças aos viajantes de outros mundos.
            Segundo o Cantador, no local onde fica o Cristo de Mário Cravo era o local onde o “discão” parou e estendeu uma escada rolante até o Simão. E pensando bem, sabe-se tão pouco dessa época que é melhor acreditar que foi assim… As coisas ficam mais leves, até o ar fica mais puro, e as pessoas passam a olhar a terra com mais amor! Faz bem pensar bem.

terça-feira, 11 de junho de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

Drª. Cate (Um causo médico)

Nando da Costa Lima
Eleutério entrou como um doido no pronto-socorro, tava sentindo um aperto no bucho que tirou ele do sério (isso sem falar da cachaça). Chegou perguntando onde encontrava “Dotora” Cate, só servia ela. Os enfermeiros e atendentes ficaram sem saber o que fazer, ninguém encontrava essa tal doutora. Ficaram todos nervosos, os seguranças estavam ocupados e Eleutério tava armado e com a camisa aberta. Segundo ele o bucho tava pra explodir. Só a Dr.ª pra dar jeito, não servia outro médico. Eles tinham que dar um jeito! Chamaram vários médicos, mas ele só queria  a “dotora” milagreira.
— Mas porque isso, o senhor devia confiar nos nossos médicos de plantão, são todos capacitados. Por que essa teimosia? E se a gente não encontrar a doutora, você quer morrer?
— Se não for ela, eu vou morrer do mesmo jeito. Só ela dá jeito. Teve uns três amigos meus que saíram novinhos graças a ela.
— O senhor tem certeza de que foi nesse hospital?
— Claro! Ela trabalha aqui e em mais uns dois hospitais particulares.
— Mas aqui também atende pelo SUS.
— SUS? Não é possível! Então eu vou pra um hospital que atenda particular. Meu plano é cinco estrelas, qualquer médico aceita.
— Mas Seu Eleutério, nós já rodamos o hospital todo atrás dessa doutora e nada… Tem Dr.ª Catarina que os amigos chamam de Dr.ª Cate, e tem mais uns dois médicos com esse apelido…
— Mas só que a Dr.ª Cate que eu tô procurando não é apelido.
— Então o senhor vai ter que procurar em outro hospital, aqui não tem ninguém com esse nome.
— Esse hospital só tem enfermeiro? Será possível uma coisa dessas! Garanto que se tivesse uma enfermeira aqui, ela acharia a dotora.
— Rapaz, o senhor bebeu, eu já disse que aqui não tem ninguém com esse nome.
— E se eu bebi, é de sua conta? Eu tô aqui pra ser tratado, você não tem nada que fazer pergunta da minha vida particular. Se a dotora tivesse aqui, já teria resolvido.
          Os enfermeiros e atendentes acharam melhor chamar um enfermeira da área da psicologia pra atender o paciente que a cada minuto ficava mais nervoso. A técnica em enfermagem chegou tentando cuidar do paciente. Pediu calma e começou os procedimentos: mediu a temperatura e fez tudo o que se faz num ambulatório. Ele só concordou porque a enfermeira disse que assim que verificasse seu estado, daria um jeito de achar a médica. Era só ligar nas clínicas particulares que logo a encontraria. Só assim ele se acalmou e ficou deitado na maca enquanto era examinado. O pessoal tava todo apavorado, o homem tava com duas armas na cintura. Tinham que fazer as vontades pra evitar o pior. A enfermeira quis saber o que ele tinha comido, e Eleutério disse que tinha saído de um almoço de batizado. Tinha comido uma buchada completa e uma banda de melancia. Na hora de arrotar, cadê o arroto???
— Por isso que eu tô aqui, dá pra senhora ver que a minha barriga tá inchada.
Aí a enfermeira mandou ele relaxar e começou a medir a pressão, ele já tava com um revólver na mão na hora da aferição… A moça quando viu que o plano de saúde dele era cinco estrelas, achou que com aquela pressão o jeito era fazer um “Cate”. Quando ele ouviu o nome, relaxou por completo, e elogiou a enfermeira que mandou chamar Dr.ª Cate. Aí a enfermeira explicou que esse procedimento se faz quando há ameaça de infarto.
— O plano do senhor cobre, eu já convoquei toda a equipe pro procedimento…
          E assim foi feito. Bastava ele tomar um sal de frutas que ficava tudo resolvido. Mas devido à pressão 13 por 8 (normal) e à insistência do paciente (e por o plano de saúde ser muito bom), a equipe se prontificou a realizar o cateterismo em Eleutério… Só depois do procedimento feito é que explicaram pra ele que “Cate” era um jeito carinhoso de se chamar “cateterismo” sem assustar o paciente… Mas isso só acontece se você tiver dinheiro pra bancar um plano cinco estrelas ou pra pagar o procedimento à vista. Mas aí Eleutério se retou:
— Como é que eu chego aqui com uma dor na barriga e vocês me enfiam um desentupidor de veia? Isso é roubo! Vou chamar a polícia! Cambada de interesseiros, se fosse pelo SUS nada disso teria acontecido. Eu pensei que Cate fosse uma dotora, porque todo mundo que eu conheço e tem um plano igual ao meu passou por essa tal de Cate. Agora eu tô ligando as coisas: Zé Pedro tava com um calo seco, João Neto tava gripado, Erneusita tava com enxaqueca e eu tava mal do estômago…
          Mas aí os seguranças já tinham chegado. Estavam amarrando um senhor violento que não queria saber de “Cate”. Eles imobilizaram Eleutério na maca, mas mesmo amarrado ele continuou gritando:
— Todos nós, ou pagamos à vista ou temos um bom plano… Cambada de enganadores, tô com a virilha toda roxa. Vou processar todo mundo, inclusive as enfermeiras que mal olham pra gente e já dão o diagnóstico antes do médico. Elas primeiro veem se o plano é bom ou se a consulta vai ser paga em dinheiro! Se for esse o caso, o cidadão tá lascado! Não sai do hospital sem fazer um cateterismo, ou “Cate”, como queira.
          A prática do cateterismo talvez seja a campeã de lucro nos pronto-socorros da vida. Tem até “dotô” que já faz o “Cate” no escuro. Também, com tanto treinamento! Portanto, se você tem um bom plano de saúde ou vai fazer uma consulta particular, fique de orelha em pé. Se algum médico ou enfermeira sorridente falar que vai ter que fazer um “Cate”, pode levantar da maca e sair correndo… Palavra de escoteiro!
Não é brincadeira, não. Faça o teste: chegue no hospital com dor de cabeça e fale que a consulta é particular. Logo logo você vai escutar o termo “Cate”… Eu tenho um amigo que bebe muito, e toda vez que entra em coma alcoólico já acorda com uma enfermeira falando que o “Cate” foi um sucesso! Já fez mais de oito. Também, quem mandou ser rico? Cê tá pensando que é exagero? Tem até um bolão de aposta entre os funcionários dos hospitais: quem acertar o nome do doutor que fizer mais “Cates” no mês leva a bolada.
É isso, tem médico voltado às ciências médicas, esses cursam porque já têm o dom. Mas tem outros que fazem “Merdicina”, esses são voltados exclusivamente para o dinheiro… É uma pena.
E a medicina atual anda a cada dia mais especializada em lesar em vez de curar… É triste! Pobre morre por falta de atendimento, e rico por excesso.
P.S. Não podemos radicalizar: é claro que pelo menos 2% desses procedimentos são feitos por necessidade.

domingo, 2 de junho de 2019

FESTA DO DVINO EM POÇÕES:

Veja a grade de atrações da Festa do Divino em Poções

FESTA DO DIVINO EM POÇÕES
Ricardo De Benedictis
Chegada da Bandeira

Chegada da Bandeira

Luiz Sarno - Uma vida pela devoção ao Divino!

Os Sangiovanni

Amigos para sempre!

Carlos Napoli e Ricardo De Benedictis


Ricardo De Benedictis, Beto Napoli e Gilberto Luz

Eurípedes Rocha Lima e amigos

Ruy Espinheira filho e amigos
A festa do Padroeiro de Poções, o Divino Espírito Santo, é  a mais tradicional da região e uma das mais belas manifestações religiosas e populares da Bahia. 
Neste ano de 2019 a festa do divino tem seu pico na sexta-feira (7 de junho PV.) com a ‘Chegada da Bandeira’ às 11 horas da manhã, partindo do bairro Poçoeszinho, postando-se à frente do adro da Igreja Matriz, situada na Av. Cônego Pithon.
A festa compõe-se de Novenas e cultos religiosos, culminando com a "Chegada da Bandeira", quando centenas de cavaleiros e amazonas desfilam pelas ruas principais da cidade ao som de foguetes e bandas de música, parando em frente à Igreja Matriz onde assistem e participam de uma grande Missa Campal, onde são entoados os hinos ao Divino Espírito Santo. Esta é a maior festa do gênero em todo o Estado da Bahia. A Chegada da Bandeira é uma réplica das Entradas e Bandeiras que povoaram o nosso país, fazendo crescer os seus limites. Durante o mês de maio/início de junho milhares de pessoas visitam Poções para participar da festa. Uns vão para pagar promessas, rever amigos e parentes e outros, para curtir a festa profana com bandas renomadas que desfilam pela noite a dentro, principalmente nos 8 dias finais do evento.
Para animação da festa, a prefeitura contrata várias bandas, a praça principal da antiga e centenária igrejinha erigida em louvor ao Divino Espírito Santo fica superlotada e a população participa dos festejos do seu Padroeiro, que acontece no dia de Pentecostes, data móvel, que sempre cai entre o final do mês de maio/início de junho. 
A participação popular na Festa do Divino é muito forte e a cada ano cresce o número de visitantes. São milhares e milhares de pessoas de todas as partes do país, filhos de Poções ou não, que se encontram em harmonia com o Divino Espírito Santo, desde a busca do Mastro, as novenas, até a Chegada da Bandeira na sexta-feira que antecede o domingo pentecostal.
HISTÓRIA  DA FESTA 
A centenária festa do Divino Espírito Santo, é a principal  da região, das mais tradicionais em toda a Bahia. Do ponto de vista cronológico, comemorada há mais de um século, datando de 1878, antecede a data de emancipação do município em dois anos. 
A Freguesia do Divino Espírito Santo de Poções foi criada  pela Lei Provincial nº 1.848, em 16 de setembro de 1878, nomeado seu primeiro vigário o Padre Luis da França dos Santos. A festa religiosa iniciou-se em 1878, com o primeiro vigário.
Desde então, consta de novenas, revestidas de todo o aparato, apesar das queixas da população quanto a atuação de alguns padres e outras autoridades que teimam em descaracterizar a festa ao longo dos anos, sempre com bons propósitos, mas sem o devido conhecimento do que representa uma festa tradicional e a sua preservação histórica. Sem qualquer compromisso com a memória, modificam a festa em sua estrutura, comprometendo A Chegada da Bandeira, ponto mais alto da festa profana, uma réplica que homenageia os bandeirantes que fundaram o município. 
DESCARACTERIZAÇÃO

No tempo da Ditadura, (1964/1984), os prefeitos, com a conivência do padre e dos civis, organizadores da festa, mandaram colocar um pelotão de "atiradores" do Tiro de Guerra local para conter a cavalaria (Chegada da Bandeira), alegando que esta seria a maneira de evitarem-se acidentes.
O pelotão desfilava à frente da cavalaria, tornando a festa grotesca, do ponto de vista plástico e tirando o brilho da cavalgada, vez que, a partir de então, o desfile evoluía a passos de cágado, andando e parando... Sem o trotar dos animais e o garbo dos cavaleiros e amazonas que emocionavam até às lágrimas e arrancavam palmas e vivas da multidão...  A Polícia Militar também foi, por várias vezes, convocada a colocar-se com seus veículos à frente da cavalaria, sob o mesmo pretexto. 
Por último, por inspiração não se sabe de quem, um carro alegórico leva crianças trajadas de anjinhos precedendo  a cavalaria... Um verdadeiro atentado às tradições...

A Chagada da Bandeira é uma réplica histórica da fundação do município; seria óbvio que nada que descaracterizasse esta lembrança histórica fosse introduzido na plasticidade da festa...
 Há mais de cem anos havia um pavilhão, especialmente construído e ornamentado, onde eram realizados leilões de bens doados pela população para a festa. Além disso, o pavilhão era o principal centro de encontros entre os filhos de Poções e amigos comuns. 
A descaracterização da festa é uma barreira cada dia mais difícil de vencer pelas comissões organizadoras do evento, fato que vem tirando grande parte do brilho dos festejos.
Entretanto, algumas obras importantes foram realizadas, visando o conforto dos visitantes, tanto na pavimentação quanto na construção de estruturas de apoio. 
Barracas, parque de diversões, muita música, muita cerveja e muito papo — Esta é a parte profana dos festejos. 
A parte romântica da festa foi totalmente engolida pela necessidade de se fazer carnaval;  e isto é uma pena...
Há um movimento crescente, de parte da comunidade, no sentido de resgatar algumas tradições que a modernidade foi deixando para trás. É lógico que este trabalho demanda cuidados, mas já é um ponto de partida para o resgate reclamado por importante segmento da sociedade poçoense.
O ENCONTRO
Há alguns anos, por inspiração de alguns poçoenses ali residentes e outros, que vivem em outras plagas, tendo à frente Pedro Silvino e Lulu Sangiovanni, faz-se o ENCONTRO num baile regado a papos, beijos e abraços ao som de bandas de músicos poçoenses e que é a principal atração no sábado, desta feita, 8 de junho. As camisetas da festa já estão disponíveis e podem ser reservadas através do FACE com a  página de VELHAS FOTOGRAFIAS DE POÇÕES ou diretamente com Pedro Silvino Longo. Reserve sua camisa e reveja os amigos tão caros, uns contemporâneos outros mais jovens, tudo sob as bênçãos do Divino Espírito Santo.  BOA FESTA DO DIVINO, AMIGÃO!
Festa do Divino
Autor: Ricardo De Benedictis

sábado, 1 de junho de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

Janis Joplin na Bahia

Nando da Costa Lima
No início dos anos 70, nossos meios de comunicação ainda estavam bem lentos, era muito diferente antes dos celulares… Nesse tempo também ainda não tinha as redes sociais que tornaram as surpresas impossíveis. Não tem mais nem como os famosos se esconderem, todo mundo sabe da vida de todo mundo. Alegrias, tristezas, comidas, problemas: tudo é compartilhado em minutos.
 Foi em 1970 que a cantora Janis Joplin resolveu aparecer em Arembepe-BA. Ali talvez tenha sido o último refúgio dos hippies, só ficaram os que insistiam em acreditar que o sonho ainda não tinha acabado. Talvez por isso Janis deu as caras, veio ver o princípio do fim de uma época em que ela foi uma das protagonistas. Passou alguns dias por ali… gostou muito, teve contato com alguns moradores, e segundo os que a conheceram, ela era uma pessoa muito simpática. Talvez isso tenha levado todo baiano que viveu nessa época a dizer que teve contato com Janis. Se fosse juntar todo mundo que diz ter conhecido a cantora, dava pra encher duas Salvador. Tem também as bijuterias que ela comprou ou presenteou algum hippie baiano. Se for juntar tudo, dá pra encher umas cinco carretas. Todo hippie velho tem uma história muito doida que rolou com ele e Joplin. O ser humano é engraçado… Adora os famosos.
O hippie Deoclécio Gago e sua namorada Ametista Mineira estavam dividindo um PF no restaurante da rodoviária. Tinha outro casal que também estava indo pra Arembepe pra recordar os bons tempos que passaram com a cantora. O gago tava contando sua aventura com Janis.
— Ta-ta-tava eu e Wa-Wa-Waly Salomão. Janis pediu pra gente fazer um som pra ela, foi nessa que eu ganhei Ametista Mineira, foi o maior barato!. Eu fiquei uns três dias hospedado na barraca dela, e blá blá blá…
          Do outro lado tava Marcão Relpi, que também era um hippie na mesma faixa de idade dos que estavam na rodoviária. Todos por volta de 60 a 70 anos, era uma seleção de hippie velho pra ninguém botar defeito… Hippie depois dos cinquenta fica tudo igual! Marcão também tava narrando sua história com a diva americana:
— Tava, Ana Blú e mais uma patota de Conquista, e Janis já chegou pocando: “E aí, mai brodi, ai love a Bahia”. Aí eu abri uma garrafa de Jurubeba e me apresentei: “Mai neime ís Marcão…”. Aí ela rebateu: “Du iu laique uisque, mai brode?”.
          Aí Marcão caiu matando.
— Ai laique uisque, Jurubeba e mulher famosa, mai friendi. – Janis sorriu e me convidou pra dar uma volta, aí Ana Blú cortou o meu barato, eu fiquei puto. Mesmo assim, ela me deu esse colar e esse anel. Ana Blú até hoje fica com ciúme quando conto essa história.
 A rodoviária tava parecendo um retiro de hippie velho, tinha cabeludo grisalho de tudo que é lado. Pedro Pissilove tava numa roda de mais de dez ripongas, tava contando sua aventura com Janis numa noite de Lua cheia (outra curiosidade, todo hippie teve contato com a cantora numa noite de lua cheia). Segundo ele, até hoje Arembepe lembra daquele episódio. Ele ficou duas noites e dois dias trancado na barraca com Janis. Mas era discreto, não entrava em detalhes. Quando alguma riponga insistia querendo saber mais da intimidade deles, Pissilove dava um bote, falava que só podia entrar em detalhes de forma mais reservada, e que a barraca dele tava armada na blá blá blá…
Seu Prudêncio tava na rodoviária esperando o filho e ficou impressionado com o tanto de gente da idade dele que estava ali. O que aquele povo tava querendo ali? Arembepe não tem mais tanto atrativo. Antes, era um paraíso. Pra passar o tempo, Prudêncio ficou escutando os causos de toda roda de hippie. Quando o filho chegou, ele antes de cumprimentar já foi logo indagando:
— Por que esse bando de velhos tá aqui fazendo ponto? Não tem o que fazer… Cada um mais conversador que o outro. E as histórias são todas parecidas, parece que aconteceram ao mesmo tempo. Até a bebida é a mesma. A Jurubeba está em todos os causos. Será por causa da idade???
— Não, pai. Jurubeba é pra qualquer idade. Eles tão citando a bebida porque teve uma degustação aqui perto. Aí você sabe, né? O trem já é bom, de graça então… Eles beberam umas 5 caixas.
— Quer dizer que as histórias desses velhos são todas mentira. E quanto à bebida, teve uma riponga que disse que presenteou Janis Joplin com duas garrafas da legítima Jurubeba Leão do Norte embrulhada pra viagem. Ela própria embrulhou, colocou uma fitinha do Senhor do Bonfim pendurada em cada uma das garrafas. Você acha que é tudo mentira?
— Disso eu não tenho certeza, mas ela tinha muito bom gosto… Jurubeba é um bitter pro gosto dos americanos e europeus. Quem sabe não é verdade da hippie Flor do Verão?
— O povo não tem mais o que fazer, só agora que eu descobri que este bando de desocupados tá indo pra um encontro em Arembepe. Tem até uma camiseta escrito: “1º Encontro Brasileiro de Hippies que Conheceram Janis Joplin”.
          Se você tem 65, 75 ou mais, não deixe de comparecer ao encontro. Vai rolar uma feijoada completa, até fraldão descartável vai ser distribuído.

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