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sábado, 26 de outubro de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

SABIÁ...
Nando da Costa Lima
 O sabiá não se aguentava de cansaço, antes o perigo eram os alçapões e os badoques dos meninos, agora é só sobrevoar um polo industrial que tá correndo risco de vida. Tava tão exausto que nem cumprimentou o velho tamarindeiro que lhe servia de pouso, mas este, com a paciência dos mais velhos, puxou conversa – Como vão as coisas amigo Sabiá?
- Que coisas meu velho?
- O mundo como você sabe, eu, apesar de contribuir para que o homem respire, não tenho asas como você para estar onde as coisas acontecem. Há mais de um século estou nesse lugar, claro que vi muitas coisas, mas tudo que pude observar durante toda minha vida você vê em dobro num simples voo. Aqui agora nem vem ninguém passear na praça com medo de assalto, por falar nisso amigo, é a profissão que mais tem gente. Será que tá tendo concurso pra ladrão???
- Não, tem eleição. Mas voltando à situação do mundo, você vai é agradecer por não ter asas. Parece que a miséria quer se apossar do mundo e colocar a desgraça como secretária, a cada dia a terra perde um pouco de sua vitalidade. Antes, quando eu estava voando só avistava o verde, hoje só se vê fumaça e concreto, eu até acho que o objetivo do homem moderno é cimentar o mundo.
- Mas sabiá, a coisa não deve estar tão ruim assim, eu mesmo só estou vivo até hoje graças ao homem.
- Isso é porque você deu sorte em não ser madeira nobre e ter nascido num jardim duma praça onde a cidade praticamente foi fundada. Se não fosse isso, há muito tempo você já teria virado lenha ou madeira para móvel.
- Você está sendo injusto, o homem tá fazendo de tudo pra manter o equilíbrio da natureza, disso depende a vida dele, e eu acho que eles não são tão burros para darem um fim coletivo à vida. Acho-os inteligentes até de sobra.
- Que inteligente que nada, os homens vivem perdidos em problemas existenciais insolúveis, vivem procurando o sentido da vida sem antes refletirem que sem vida não existe sentido algum, eles nunca irão entender que viver já é um grande prêmio, são uns desorganizados.
- É sabiá, eu entendo sua revolta, a mocidade sempre foi rebelde, com ou sem razão vocês estão sempre certos, só acho que você está exagerando, no meu modo de ver o homem representa a inteligência. Nos meus muitos anos de vida sempre imaginei o mundo como um gigante,o homem é o cérebro desse gigante.
- Então o cérebro desse gigante está doente, ele está sendo responsável pela morte do resto do corpo. Do jeito que vamos não tarda e isso tudo vai virar um deserto, até a floresta amazônica já tá sentindo o baque.
- Se o mundo tá tão devastado e o homem tão ruim, como é que até hoje os índios estão aí com tudo que têm direito?
- Disse bem meu velho, o índio tá tendo tudo que tem direito do mundo civilizado: sarampo, catapora, varíola, e o garimpo, que é pior do que qualquer doença. Os índios são como nós passarinhos, adoram a liberdade, mas depois do convívio com a civilização, não conseguem sobreviver no seu habitat natural. Somos raças em extinção, a cada dia nosso espaço se encurta. Nossas esperanças diminuem a cada árvore derrubada.
Terminou de falar chorando convulsivamente. O tamarindeiro se impressionou com o pessimismo do sabiá, ficou tão comovido que até o convidou pra fixar moradia ali nos seus galhos. O sabiá agradeceu, mas recusou à oferta, seu destino era correr o mundo. A velha árvore vendo que não havia maneira de convencê-lo resolveu dar outro tipo de ajuda ao amigo, conseguiu o endereço de um desses grupos ecológicos que viraram partido político, na sua opinião os ecologistas seriam os únicos que poderiam livrar o sabiá daquela crise. Entregou o endereço ao amigo e explicou que naquele lugar ele só iria encontrar gente boa, pessoas inteiramente voltadas ao bem estar de todas as espécies. O pássaro despediu-se da velha árvore e partiu para o encontro, quando pousou na janela da sede dos amantes da natureza, chamou a atenção de todos, o presidente pediu logo uma gaiola pra prender o bicho e manter como mascote do partido, o tesoureiro achava melhor matar o pássaro e empalhar, dinheiro tá muito difícil pra tá enchendo o papo de passarinho, teve até quem sugerisse o passarinho desfiado no arroz. Aquilo foi demais para ele, saiu dali decepcionado com a raça humana, foi direto pro tamarindeiro, ficou vários dias por lá, não falava uma palavra, era o retrato da tristeza. Um dia amanheceu morto debaixo do tamarindeiro, um dono da razão que passava pelo local explicou para os curiosos que a ave morreu por falta de ar puro.  Mas a velha árvore sabia que tudo aquilo era mentira, não passava de conversa de um ecologista com cara de bode cheirando mijo, a verdade é que o sabiá suicidou-se, ele viu quando o amigo ingeriu uma grande dose do agrotóxico esquecido pelo jardineiro num dos bancos da praça, tava inconformado com a burrice humana. “E ele tinha razão, do jeito que o homemvem se contradizendo, é bem capaz que alguns grupos de defesa à ecologia sejam financiados por serrarias” – comentou o velho tamarindeiro.
A sábia sabiá sabia que o seu mundo tinha acabado.

sábado, 19 de outubro de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

DELIRIUM TREMENS
Nando da Costa Lima 
       Como todo dono de boteco, só tinha uma coisa que Damião gostava mais que aumentar as contas da freguesia e fuxicar, era a birita! Vendia uma e bebia duas, já estava naquele estado em que o tornozelo fica parecendo um pilão. Mas era uma cachaça tranquila, não enchia o saco de ninguém..., a não ser sua mulher que toda noite acordava com ele aos gritos pedindo pra tirar a cobra de cima da cama. Marinalva já estava acostumada, nem abria os olhos, sabia que aquilo não passava de alucinação de pinga. Ela até tentou leva-lo ao médico, mas ele recusou terminantemente, pegaria mal confessar pra um médico que estava tendo alucinação, logo ele um comerciante de bebidas, além do mais seria o fim de linha pra sua fama de bom bebedor, era melhor conviver com a cobra imaginária que suportar as gozações dos amigos. Mesmo assim ela conseguiu uma consulta em casa com uma psicóloga, a doutora examinou o “bebum” e deduziu “que o paciente em questão teve uma transição desconexa do Id pressionando o Ego e desencadeando uma Cobrafobia crônica, o réptil já havia se instalado no inconsciente do paciente, causando um transtorno bipolar psico-cobrófico, um caso raríssimo.” Ninguém entendeu nada que a doutora falou e a cobra continuou aparecendo, ela até crescia... parar de beber nem pensar! O homem gostava tanto do álcool que passava as horas de folga fazendo experiências etílicas. Pra ele se não existisse álcool, o mundo morria de tristeza. Já imaginou um carnaval sem cachaça?
      Depois de anos convivendo com aquela agonia noturna, Marinalva decidiu dar um ultimato pro marido, tinha cansado de carregar aquela “mala”. Daquele dia em diante, ou ele parava de beber, ou ela ia embora. Deu o prazo de 48 horas pra ele se decidir, já estava de saco cheio daquela cobra. Ficaria na casa da mãe até ele resolver. Caso ele se decidisse pela birita, ela mandaria buscar os filhos. Damião nesse dia tomou todas, tava tão carente que pediu ao filho mais velho aos prantos que dormisse ao seu lado para aliviá-lo dos delírios noturnos. E foi graças ao rapaz que o casamento de Damião foi salvo... É que nessa noite, seu filho matou uma cascavel enorme que passeava por cima da cama do pai. Marinalva quase endoidou quando soube, conviveu tanto tempo com aquela cobra pensando que não passava de alucinação de bêbado. Damião ficou tão alegre que triplicou a cachaça e Marinalva tomou gosto pela pinga depois do problema resolvido. Foi nas ondas do marido e largou até o emprego de professora pra dedicar tempo integral ao copo, bebia de igual pra igual com o maridão.
     Hoje, três anos depois do ocorrido, nós estamos aqui no velório de Marinalva (que morreu de cirrose hepática) escutando Damião contestar o atestado de óbito e jurar de pé junto que quem matou sua mulher foi uma sucuri com mais de 20 metros, que ultimamente vinha saindo de dentro do guarda-roupa, ele tinha certeza que Marinalva morreu foi de susto, a bicha parecia um dragão, só não tinha asa. Desta vez resolveram chamar um neurologista pra examinar Damião, mas doutor Tolentino se recusou, argumentando que aquilo era problema do IBAMA. Este órgão por sua vez mandou um memorando explicando que não tinha armadilha pra pegar alucinação. E o interessante é que de cada dez amigos de copo presentes no velório, nove já tinham visto a sucuri descrita pelo viúvo...

CARLOS ALBÁN GONZÁLEZ - CRÔNICA


“Presente de grego”
Carlos Albán González - jornalista
Era o dia 18 de maio de 2011. No luxuoso e prazeroso Hotel Transamérica, em Comandatuba, na Bahia, estavam reunidos alguns dos maiores pesos pesados do empresariado nacional, convidados pela Odebrecht para ouvir uma palestra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a política econômica dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT). Ninguém poderia imaginar que naquele instante estava sendo “embrulhado” um “presente de grego” de um torcedor de futebol ao seu clube de coração.

Entre goles de uísque importado 12 anos, Lula, que havia completado oito anos na Presidência da República, levou para uma sala reservada do hotel Emílio e Marcelo (pai e filho) Odebrecht. Sem rodeios, na presença de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, pediu que o gigantesco conglomerado construísse, na distante região de Itaquera, em S. Paulo, um estádio para o seu clube, o Corinthians.  

Aquele encontro no litoral baiano aproximava os interesses das duas partes: Lula pretendia ampliar o leque de apoio ao seu partido, visando futuras eleições, abraçando a numerosa torcida do seu “Curintia”, na dicção do petista; a Odebrecht olhava com bons olhos o volume de construções anunciadas pelo governo de Dilma Rousseff, o que incluía as Olimpíadas de 2016.

Mas Lula tinha outros planos, que começaram a ser costurados um ano antes, com a visita do francês Jérôme Valcke, secretário da FIFA, ao Brasil, para inspecionar os estádios que receberiam os jogos do Mundial. Influenciado pelo petista e pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que não escondia sua antipatia ao São Paulo F. C., Valcke, que, depois da Copa, acusado de corrupção, foi banido do futebol, vetou o “Cícero Pompeu de Toledo”, o Morumbi, na época, o estádio mais moderno do país, com capacidade para mais de 100 mil pessoas, localizado numa região de fácil acesso da capital paulista.

Estava decretado: o estádio dos paulistas na Copa seria o “Itaquerão”, cujo orçamento inicial de R$ 450 milhões aumentou, no transcurso da obra, executada às pressas (um “poleiro” provisório foi colocado para a partida inaugural, em 14 de junho, a fim de atender uma das exigências da FIFA), para R$ 1,2 bilhão, dinheiro emprestado pelo BNDES e Caixa Econômica Federal (CEF).

No dia 31 de agosto de 2016, a Câmara dos Deputados afastou a petista Dilma Rousseff da Presidência da República. Começava um processo de transição na filosofia política do Brasil, concluído no dia 1º deste ano com a posse do palmeirense Jair Bolsonaro.

Os corinthianos, evidentemente, não esperavam essa drástica mudança  nos gabinetes do governo, em Brasília, incluindo seu torcedor mais famoso, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do clube, o espanhol-andaluz e deputado federal (PT-SP) Andrés Sánchez. De um dia para o outro o Corinthians se viu responsável por uma dívida bilionária, reputada pela revista “Exame” como “o maior golpe do dinheiro publico do país”.

“O Corinthians não vai perder o seu estádio”, garantiu Sánchez esta semana numa coletiva de imprensa, ao ser questionado sobre os atrasos, que somam R$ 520 milhões, nos repasses mensais à CEF. Por determinação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, o “Itaquerão” foi incluído na Dívida Ativa da União e no FGTS. Os adversários, naturalmente, torcem para que o estádio vá a leilão.   

Fazer parte dessa vexatória lista não é uma exclusividade do alvinegro paulista. Outros nove clubes (Palmeiras, Vasco, Fluminense, Botafogo, Avaí, São Paulo, CSA, Fortaleza e Cruzeiro) da 1ª divisão do futebol brasileiro poderão ter seus bens confiscados pela União. Além do atraso no recolhimento dos impostos federais e das obrigações sociais, estão em dívida com fornecedores e bancos, além das obrigações com a Justiça do Trabalho.

Aos inadimplentes o Congresso acena com o projeto de autoria do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), que propõe um programa de refinanciamento das dívidas, mas eles teriam que adotar a estrutura de clubes-empresa, deixando de ser associações sem fins lucrativos, sendo transformados em sociedades anônimas ou limitadas, e facilitando o acesso de acionistas, nacionais e estrangeiros. A transição é opcional.

“Não se trata de um perdão das dívidas”, explica o parlamentar, “mas de construir um acordo entre credor e devedor, que seja bom para todos”. Ao migrarem para o novo modelo, os clubes poderão usar o Refis para parcelar suas dívidas em até 240 prestações. Também terão direito a ingressar com pedidos de recuperação judicial. O projeto deixa claro que as associações devedoras precisam contar com a boa vontade dos credores das áreas cível e trabalhista.

Único representante baiano na divisão de elite do futebol brasileiro, o Bahia acumula hoje dívidas em torno de R$ 147 milhões, herança deixada por um regime ditatorial que durou 25 anos. Considerado hoje pela imprensa esportiva nacional como o clube mais democrático do país, o tricolor baiano, sob a presidência de Guilherme Bellintani, vem colocando em prática um processo de recuperação administrativa, financeira e esportiva, obtendo resultados importantes.

Fernando Schmidt, primeiro presidente eleito com os votos dos associados, recebeu em 7 de setembro de 1913 um clube desestruturado, mergulhado em dívidas, a maioria na esfera trabalhista, resultado de salários não pagos no passado a técnicos, jogadores e funcionários.

O Bahia conseguiu através de um acordo com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-BA) renegociar a enorme dívida trabalhista, a fim de não sofrer penhoras e bloqueios judiciais. Mensalmente, o clube repassa ao TRT R$ 600 mil. O Bahia está entre os 14 representantes da série “A” que aprovam o modelo proposto de clube-empresa.

domingo, 13 de outubro de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

Caviar com “mortandela”
Nando da Costa Lima
Da lente disforme de uma sociedade incoerente surgiu um mundo onde os homens falsamente se respeitavam, era Natal!.. E dos olhos da criança esfomeada brotou uma lágrima de alegria pelo brinquedo quebrado dado por um Papai Noel magricela escolhido para o cargo devido à barriga descomunal causada por uma cirrose. As pessoas se abraçavam tentando transmitir um sentimento fraternal, mas só tentavam... Caridade na cabeça dos hipócritas é distribuir o que não presta aos menos afortunados.
       A fome era vigente e nós, cães esfomeados, procurávamos aproveitar o máximo daquele dia lindo, tão bonito que as pessoas até se abraçavam fingindo se entenderem, tão fraternal que os mais ricos cediam suas sobras aos que nada tinham. A bondade era exercitada de todas as formas e em todas as partes, foi distribuído aos carentes tudo que não prestava, até na cadeia! E nesse dia os presos comeram do bom e do melhor. É que um Dr. paranoico mandou a mulher jogar uma ceia preparada pra cem pessoas toda no lixo. A mulher, que era uma santa, fez melhor, deu pra delegacia. A sorte é que o veneno só estava na cabeça do Dr. ! As prostitutas foram visitadas pelas senhoras da sociedade e naquele dia elas se trataram de igual para igual, as senhoras chegaram a chorar pelos problemas das putas, era coisa de Natal! Um morador de rua achou um frango assado quase que inteiro, deu pra família toda matar a fome. Tava meio roído, mas aquela ceia veio a tempo, e eles até lembraram que era Natal... Sessenta meninos de uma creche foram intoxicadospor salsichas com data vencida presentadas por um comerciante contagiado pelo espírito natalino, mas felizmente os médicos nesse dia estavam movidos pelo mesmo espírito e cuidaram das crianças a tempo. O padre dedicou uma missa ao pastor da igreja em frente e este retribuiu com um culto em homenagem ao reverendo. Acho que os dois templos só não caíram por causa da presença dos inocentes que, como o Pastor de Estrelas,Íris Silveira, “mantiveram suas bíblias envoltas pela beleza eterna do perdão”. Uma assistente social ficou surpresa quandoEtelvina atirou em seu rosto aquela lata de leite dada com tanto carinho, mas depois ela entendeu que aquela atitude só podia ter partido de uma mãe desesperada que perdera o filho por inanição há dois dias... ela até chorou... Um adolescente que não gostou do carro que ganhou bebeu além da conta e acabou atropelando o menino que desfilava orgulhosamente num velocípede que a patroa de sua mãe lhe dera de presente. Mas nada abalava o espírito natalino... E as pessoas continuavam bebendo, comendo e festejando o nascimento de um homem que só quis nos advertir que nada existe antes ou além do amor, sem ele somos zumbis de uma sociedade escravizada pela ilusão de existir! E a cada champanhe aberta para saudar o Santo Menino, dezenas de crianças deixavam de existir por não ter o que comer. Tá certo que o Natal já passou, mas eu não tenho hora pra nada, nem para datas. Acho que é porque eu vim pra assistir o espetáculo da vida de camarote. Como não deu, assisto da geral e ainda bato palmas.

domingo, 6 de outubro de 2019

RICARDO DE BENEDICTIS - CRÔNICA


ATIVISMO E DESCOMPROMISSO COM A DEMOCRACIA!
Ricardo De Benedictis

A Nação assiste estupefata à nefasta ação do Congresso Nacional, de um lado e o Ativismo quase cínico, do Poder Judiciário, do outro, cada qual imbuído da volúpia de desmoralizar a operação Lava-Jato ou pelo menos, facilitar a vida dos entes políticos e empresariais corruptos, que têm levado o Brasil ao desencontro do seu destino.

Ambos aproveitam-se da insegurança do presidente Bolsonaro – em relação ao seu filho senador, também preocupado em transformar um outro filho deputado federal em embaixador nos EUA, enfim, refém daqueles que infelicitaram o Brasil durante anos, legislando em causa própria e saqueando os cofres públicos para enriquecer.

No meio deste imbróglio, as reformas que a Nação espera para sair da recessão e a decepção popular com o desemprego herdado, mas das quais o governo atual não consegue se desvencilhar. Situação difícil, leva o entusiasmo daqueles que votaram no presidente para o corner, como numa luta de boxe ou MMA.

Ficamos imaginando a situação vexatória de alguns generais que servem diretamente ao governo e que seriam, por assim dizer, seus conselheiros. O que parece é que o presidente está enredado numa armadilha familiar da qual não consegue se desvencilhar, aliando-se tudo isso à sua constante agressão ‘aos cachorros mortos’ que foi deixando para trás, desde que se elegeu em 2018.

Resultado: Mais de nove meses de governo e a criança não nasce. Lança-se a única saída para a parteira fazer nascer a criança Brasil e o recurso do ‘fórceps’, aparece como solução. Acontece que este instrumento seria perigoso para a Democracia e doloroso para o povo, o que poderia levar o país a uma recessão ainda maior.

O Senado Federal engaveta dezenas de pedidos de impeachment contra ministros do STF, cujos processados dormitam na gaveta do presidente da Casa que deles se vale para uso próprio ou de terceiros, uma vez que muitos dos senadores e deputados estão na mira das investigações de recebimento de propinas.

 Vejam em que situação nos encontramos. Refém de um lado, refém de outro e o povo no meio desse lamaçal podre que não deixa o país deslanchar.

As medidas propostas são eivadas de vícios, deputados e senadores de caráter duvidoso atacam-se uns aos outros, o mesmo acontecendo na nossa maior Corte, onde os ministros não respeitam os colegas e muito menos, a própria toga, e a população que os sustenta.

Não vemos como sair desse jogo sujo, ou mesmo, quem escapará ileso de tanta ignomínia.

Deus tenha pena do Brasil e de nós.
Misericórdia!

sábado, 5 de outubro de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - CONTO

Um causo freudiano

Nando da Costa Lima
O escritor tava pra perder a paciência, rodou a cidade toda atrás de alguém que traduzisse uma carta de Freud, uma raridade, presente de um tio que foi passear na Europa. Mas só escutou besteira. O primeiro a ser consultado foi um médico que sempre se gabava do alemão aprendido na universidade. O homem traduziu espontaneamente, parecia que tava lendo uma cartilha: “Caro Dr., estou lhe escrevendo para cancelar minha conferência devido a uma blenorragia que há meses incomoda-me. Assim que me livrar dessa inflamação no canal, entrarei em contato. Abraços do adoentado amigo Freud”. Depois que traduziu ainda comentou: “Dr. Freud devia estar precisando de um bom urologista como eu!”. Como o Dr. gostava de tomar uma, ele ficou desconfiado e pediu outro especialista em alemão pra traduzir, dessa vez foi um advogado, esse também não perdeu tempo, leu de um fôlego só: “ Minha situação jurídica encontra-se tão conturbada que esqueci por completo de mandar o registro do imóvel. Espero vê-lo o mais breve possível para resolvermos um processo de estupro em que me encontro envolvido. Abraços, Freud”. Aí a desconfiança do escritor aumentou, tava na cara que um dos dois traduziu errado, mesmo assim ele não desistiu, procurou um intelectual amante da poesia alemã. O homem tava numa merda, a mulher tinha fugido com a manicure, mesmo assim fez questão de contribuir, traduziu sem precisar dos óculos: “Estou atravessando uma fase péssima, desconfio que minha mulher anda dando bola pra Jung, assim que o adultério for confirmado, mando lhe avisar. Pra aliviar este desconforto, arrumei um caso com o jardineiro do vizinho. Abraços do seu conformado amigo Freud”. Aquilo já estava parecendo brincadeira, mesmo assim ele continuou tentando. Por último foi um dentista o tradutor. Ele era neto de alemão e traduziu sem fazer esforço, só não entendeu direito a assinatura: “Caro amigo odontólogo, estou com o molar inferior causando fortes dores no maxilar, mas assim que esta nevralgia desaparecer eu lhe comunico. Do seu Freud”.
Com aquelas quatro traduções completamente contraditórias e o livro passando da hora de ser publicado, o jeito foi pegar todo o material (traduções) e mandar pra um jornalista que se dizia conhecedor dos idiomas europeus. Este passou quinze dias analisando as traduções e o texto original, o escritor se animou, pela demora parecia que ia sair alguma coisa séria, mas quando ele leu o resultado de quinze dias de trabalho apresentado pelo jornalista, teve uma crise nervosa: “Caro amigo, minha blenorragia piorou depois que minha mulher fugiu com Jung e eu enlouquecido de dor de dente perdi a cabeça e estuprei o jardineiro do vizinho. Espero contar com sua amizade não publicando esta tragédia em seu jornal”. Depois dessa o jeito foi publicar a carta original.
Tempos depois a carta foi realmente traduzida, não passava de um bilhete do Dr. Freud se livrando de uma papelada enviada por um dos inúmeros pesquisadores chatos que o incomodavam na época.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

RICARDO DE BENEDICTIS - CRÔNICA

“ELE NÃO TEM CARÁTER”
Ricardo De Benedictis
Lembro-me de um dos programas ‘RODA VIVA’, da TV CULTURA/SP, quando o entrevistado foi o grande escritor baiano, João Ubaldo Ribeiro, em uma das suas últimas aparições públicas, antes de falecer.
Na oportunidade, perguntado o que ele achava do caráter de Lula, ele disse sem pestanejar: “Ele não é bom nem mal caráter, uma vez que ele não tem caráter”.

Há poucos dias, perguntando a um amigo o porque de outro amigo de papos não estar mais aparecendo para trocar idéias, ele disse-me que o amigo sumido lhe explicara que não iria mais aos nossos bate-papos, uma vez que “eu era muito certo de estar com a razão em tudo”. E que ele não aceitava a minha posição.

No primeiro instante deixei passar. Depois fui pensar sobre o assunto e concluí que não sou radical, mas ele sim. Verificando seu rol de amizades, é fácil compreender. Um dos poucos amigos do grupo que não vota em Partido, sou eu. No meu rol de amizades, convivo com pessoas que pensam diferente, oferecem suas opiniões e mesmo que haja conflitos, nunca, nos meus quase oitenta anos de idade, nunca deixei de ser amigo de alguém, apenas porque pensa diferente de mim. Cheguei à conclusão de que o amigo em tela, é ‘o esquerdopata’ de que tanto se fala e que eu tinha dificuldades de identificar.

Gostaria de encerrar essa reflexão garantindo de que os radicais de direita e de esquerda sempre se distanciaram de mim. Minhas opiniões são claras, não me julgo melhor nem pior, mas acho que há uma regra que deve ser imutável na Democracia. Uma delas é a ‘convivência dos pensamentos contrários’. Imaginem, amigos, que para manter uma amizade teríamos que abrir mão da única virtude que nos levará ao túmulo: A CONSCIÊNCIA. Pois bem. Sinto-me triste, mas não mais me abalam tais comportamentos. Se um dia ele reaparecer, e acho que isso pode acontecer, o receberei de braços abertos, sem perguntar nada ou repreendê-lo. Às vezes, necessitamos de uma espécie de ‘retiro’ para por as coisas na ordem. Amigos de muitos anos não devem se deixar levar por paixões meramente ideológicas para se afastarem.

Já perdi alguns amigos por falhas em compromissos, grandes prejuízos, traições, etc. Perder amigo apenas por pensar diferente, é a primeira vez.

La prima volta, como diria o italiano, meu pai.

Não sei se o amigo vai voltar. Espero que sim. Mas, de antemão, garanto que não vou mudar meu pensamento sobre o que penso, a não ser que seja convencido, no plano das idéias. No mais, peço a Deus que lhe dê tirocínio, já que trata-se de uma pessoa culta e de certa inteligência, e que possa voltar para nosso reencontro. Caso contrário, paciência. Não o ofendemos pessoalmente, apenas temos pensamentos diversos sobre comportamentos radicais da direita e da esquerda. Para mim, ambas são ridículas e eu não consigo adotá-las.
Até a próxima.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

"POETAS, SERESTEIROS, NAMORADOS, CORREI"!

EDITAL : 1º CONCURSO DE POESIAS “INCONFIDENTE MINEIRO”

O Cerimonial & Hostel “Inconfidente Mineiro” vem através do presente Edital tornar Público regras e normas do 1º Concurso de Poesias “Inconfidente Mineiro”, e conveniar, perante a Sociedade Literária brasileira, e de outros Países que professarem a Língua  Portuguesa, que realizará no dia 1º de Dezembro de 2019, em sua sede à Av. Deputado Anuar Menhem, 1075 – Bairro Santa Amélia, Belo Horizonte – MG, que transcorrerá da seguinte forma:

1º) O Hostel & Cerimonial distribuirá em prêmio, a ser pago, às suas expensas, em até 30 (Trinta) dias após o resultado, em espécie, mediante deposito na Conta bancária indicada pelo Concursando, se não houver outro meio mais fácil e conveniente, a seguinte premiação:
1º Lugar : R$800,00 (Oitocentos) Reais ao Concursando que pontuar o Primeiro Lugar;
2º Lugar : R$500,00 (Quinhentos) Reais ao Concursando que pontuar o Segundo Lugar;
3º Lugar : R$300,00 (Trezentos) Reais ao Concursando que pontuar o Terceiro Lugar;
4º Lugar : R$200,00 (Duzentos) Reais ao Concursando que pontuar o Quarto Lugar;
5º Lugar : R$100,00 (Cem) Reais ao Concursando que pontuar o Quinto Lugar.
2º) Cada um dos Concursandos Premiados receberá Certificado alusivo ao Prêmio, devendo a Poesia concorrente ser inédita e autoral, do próprio Inscrito, declarando desde o ato da Inscrição que autorizam o Hostel & Cerimonial a Publicar, às suas expensas, Livro alusivo, para divulgação e promoção dos Ganhadores, sendo tal Publicação mera possibilidade e concessão, de acordo com a conveniência do Hostel, abrindo mão do Direito Autoral e de Paga para tal ensejo, que poderá ocorrer, ou não.
3º) O Hostel constituirá uma Comissão de Notáveis, Escritores, Músicos, Artistas ou Professores, a seu bel prazer e arbítrio, no máximo com 05 (Cinco) Membros, que se incumbirá, na véspera do Dia 1º/12/2019, em Sessão que poderá ser Pública, aberta aos participantes e público em geral, ainda que meramente como plateia, em horário a ser estabelecido, na Sede do Hostel, onde serão analisados os Trabalhos, Poesias inscritas, sendo admitido um único Texto, ou Poesia, por pessoa, em que cada um dos Membros votará a que mais lhe agradar, tanto em estilo de linguagem forma e tema, segundo critérios subjetivos do próprio Membro, oportunidade em que, após depurados os melhores 05 (Cinco) Trabalhos, a própria Comissão atribuirá aos 05 (Cinco) Trabalhos vencedores, nota de 01 a 10, classificando-se em Primeiro Lugar, e assim sucessivamente, o Trabalho que mais pontuar, em caso de Empate, realizando nova Votação, até que seja apurado um Numero Ordinal de Classificação.
4º) O Tema da Poesia Inscrita será Livre, bem como seu Estilo Literário, não podendo, contudo, o Trabalho Inscrito ultrapassar uma Folha de papel Ofício digitalizada em fonte “Verdana” Tamanho “12” do Word.
5º) Os Trabalhos inscritos serão necessariamente enviados em Envelope lacrado Tamanho Ofício, via Carta Registrada com Aviso de Recebimento, através dos Correios, aos cuidados do Hostel & Cerimonial Inconfidente Mineiro, à Av. Deputado Anuar Menhem, 1075 – Bairro Santa Amélia – Belo Horizonte – MG, constando apenas o Endereço do Remetente, e as iniciais do seu nome (Ex: Carlos Drummond de Andrade: “C.D. Andrade”, ou Manoel de Barros “M. Barros”), a fim de preservar a sua Identidade, onde será depositado o Texto, ou Poema, inscrito, assinado por Pseudônimo do Autor, que omitirá o seu nome real, em Folha Tamanho Ofício, Fonte 12 Verdana, com uma Lauda, junto com Envelope menor, ½ Oficio, Lacrado, mantendo assim a Isenção da Comissão de Notáveis, que desconhecerá a Autoria do Remetente, contendo o Envelope Lacrado os dados do Autor, nome real, CPF, Identidade e Endereço, que somente será Aberto no dia da Votação, quando da Classificação, véspera de 1º/12/2019, e cópia xerox do comprovante de Depósito do Valor da Inscrição.
6º) A Taxa de Inscrição será de R$20,00 (Vinte) Reais, em espécie, não restituíveis, a ser depositado no Banco Itaú, Conta nº  38.139-5, Agência nº  3076, em favor de Antuérpio Pettersen Filho (Restaurante Inconfidente Mineiro), CNPJ Nº 28211624-000177, sendo o não deposito condição de automática exclusão do Inscrito, mesmo que avaliado. 
7º) Será emitido Certificado de Participação, de todo e qualquer Inscrito, a ser enviado para o Endereço do Remetente, até 30 (Trinta) dias após o Resultado.
8º) Os casos Omissos, e Controvérsias por ventura existentes no Presente Edital, e Concurso, poderão se Avaliados, de plano, oralmente, pelo interessado, quando da proclamação do resultado, ou mediante recurso Escrito, e Enviados via Correios, em Carta Registrada, via Administrativa, para o Hostel, aos Cuidados da Comissão de Notáveis, que em conjunto com o Hostel, as avaliará, até 30 (Trinta) dias após o resultado, admitindo ou negando os seus termos, conforme esse Edital.
9º) O Prazo de Inscrição inicia-se com as Inscrições realizadas em 1º/10/2019 até o Dia 15/10/2019.
10º) Os Trabalhos Inscritos e não premiados, serão em todo caso incinerados, podendo ser restituídos no local do Evento em até 30 (trinta) dias pelos interessados.
11º) Os Inscritos que por ventura se hospedarem no Hostel durante o Fim de Semana do Evento, de Sexta Feira até a Manhã de Segunda Feira, caso agraciados entre a 1ª e 5ª Colocação, serão isentados de Diária/Pernoite, a não ser despesas de Consumação, Bebida e Comida, que realizarem.
12º) No dia 1º/12/2019, quando da proclamação do Resultado, ocasião que será realizado Sarau Poético com a presença de Musico, será cobrado Couvert Artístico de R$5,00 (Cinco) Reais por pessoa.
13º) É completamente vedado aos Promotores, Hostel, e à Comissão de Notáveis, ou a qualquer Interessado ou Colaborador direto no Evento incluírem Trabalhos próprios, ou de Parentes, Amigos, que venham causar suspeição ou influenciamento no Resultado.
Elegem as Partes, o Hostel, e os que se Inscreverem, para sanar qualquer controvérsia, omissão e nulidade, o Fórum de Belo Horizonte/MG.
Belo Horizonte, 04/09/2019.
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ANTUÉRPIO PETTERSEN FILHO
HOSTEL & CERIMONIAL INCONFIDENTE MINEIRO



Antuérpio Pettersen Filho, membro da IWA – International Writers and Artists Association, é advogado militante e assessor jurídico da ABDIC – Associação Brasileira de Defesa do Individuo e da Cidadania, que ora escreve na qualidade de editor do periódico eletrônico “Jornal Grito do Cidadão”, sendo a atual crônica sua mera opinião pessoal, não significando necessariamente a posição da Associação, nem do assessor jurídico da ABDIC. 
Duvidas e Omissões poderam ser aferidas no tel/zap 31-996650965 ou site www.inconfidentemineiro.com.br

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