Carlos Albán González
"Torça
pelo time de sua cidade". Uma faixa com essa frase pode ser vista em
todos os jogos da Chapecoense, na Arena Condá. Na verdade, os torcedores
do Sul e Sudeste do país prestigiam os seus representantes em torneios
nacionais, razão do crescimento de Chapecoense, Guarani, Ponte Preta,
Brasil de Pelotas, Ituano de Osasco, Londrina, Criciúma, Botafogo de
Ribeirão Preto, e muitos outros, que disputam as primeiras divisões do
Brasileirão.
Observo,
desde que comecei a acompanhar o futebol, que o nordestino, nesse
particular, age como cão vira-lata, que se mostra conformado em roer os
ossos. Com exceção das capitais Salvador, Fortaleza e Recife, existe em
toda esta nossa região uma paixão doentia pelas equipes do "Sul
Maravilha", em detrimento do que é nosso. Conquista, com mais de 350 mil
habitantes, passa oito meses do ano sem abrir os portões do "Lomanto
Júnior", porque o seu clube, com a final do campeonato estadual, já
dispensou em abril atletas e comissão técnica.
O
aficionado conquistense pelo futebol passa anos e anos esperando que o
time de seu coração (Flamengo, Vasco, Fluminense, Corinthians, Botafogo e
Palmeiras) apareça por aqui. Houve um tempo em que esses times
excursionavam pelo exterior e interior do Brasil. O Santos de Pelé era o
mais requisitado. Enquanto aguardam, criam torcidas organizadas, soltam
foguetes, fecham os bares para assistir aos jogos pela TV, comprando o
pacote Premiere da Globo. Sentem-se orgulhosos quando vestem a camisa do
Flamengo, a mais vendida nas lojas de artigos esportivos; a do Bahia,
bicampeão brasileiro, vem em seguida.
Lamentavelmente,
a nossa mídia colabora com esse amor não correspondido. Esta semana um
blog local destacou a goleada de 6 a 1 aplicada pelo Flamengo no Goiás.
Nem uma linha sobre a campanha de dois times do interior baiano, o
Juazeirense e o Jacuipense, que estão com um pé na série C do
Brasileirão, onde devem fazer companhia ao Vitória, sob ameaça de queda.
Com a contratação do equatoriano Caicedo o tombo pode se dar com
algumas rodadas de antecedência.
"O
Globo" estampou esta semana uma matéria, elaborada com minuciosa
pesquisa, mostrando que o Bahia é o clube mais bem dirigido, em termos
financeiro e administrativo, do país, conseguindo se recuperar, a partir
de 2013, realizando eleições diretas, com a participação dos sócios,
após uma batalha judicial contra a ditadura dos Guimarães. Pois bem,
essa reportagem, que enaltece o futebol baiano e, consequentemente, o do
Nordeste, não recebeu o merecido destaque dos nossos veículos de
comunicação.
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