BAGUNÇAS NOS
ENDEREÇOS, BAIRROS
E LOTEAMENTOS GERAM CONFUSÃO
Jeremias Macário
Só para se ter uma
ideia, na rua onde eu moro existem quatro CEPs diferentes e muitos chamam de
Jardim Guanabara (não se sabe se é bairro ou loteamento), outros dizem ser
Filipinas e até aparece Jatobá. A rua é nominada de “G”, mas também aparece
Veríssimo Ferraz de Melo em algumas correspondências. O próprio Google e outros
sites estão com suas informações desatualizadas e desencontradas.
É uma tremenda confusão
quando se vai fazer um cadastro ou um contrato num órgão ou empresa e se pede o
CEP e o comprovante de endereço. Não se sabe qual documento está com as
indicações corretas. Problema maior ainda é com as numerações que se misturam
entre pares e ímpares. Procurar uma casa é uma dor de cabeça, e tem gente que
desiste. Nem o morador consegue informar quando algum desconhecido tenta
procurar uma pessoa pelo “endereço”.
Esta situação não é somente onde eu resido,
mas ocorre em quase toda a cidade, principalmente nos últimos vinte anos para
cá com a expansão de construções nos espaços ocupados nas zonas leste, norte e
sul. Não existem demarcações e ordenamentos corretos do que é bairro e
loteamento e cada um vai colocando nomes e numerações das suas ruas. Existem
centenas de nomes de logradouros em Conquista que não constam nos anais da
Câmara e da Prefeitura. Constatei isso há muitos anos quando fiz uma pesquisa
para o meu livro “Uma Conquista Cassada”.
Para os Correios é um
trabalho hercúleo encontrar um endereço para a entrega de um documento ou
encomenda. Nesta semana, por exemplo, um pedido meu por pouco não foi devolvido
porque a empresa remetente colocou Filipinas. Estive lá na sede no final da
tarde para pegar o objeto e muitas pessoas estavam passando pelo mesmo
problema. Tivemos que esperar por mais de uma hora para o carteiro chegar da
rua. A resposta era a mesma de endereçamento incorreto.
ORDENAMENTO E REVISÃO DO PLANO DIRETOR
Vitória da Conquista cresceu nos últimos 25
anos além do previsto, de forma desordenada, sem o acompanhamento da infraestrutura
no mesmo ritmo, dai as crescentes irregularidades além das existentes quando a
cidade era de porte pequeno a médio. Sem um ordenamento criterioso do solo, a
grande maioria das construções das casas, mais de 80%, está em estado irregular.
Diante da burocracia e do alto custo, as residências não passam de terrenos e
uns vão vendendo para os outros na mesma situação e o IPTU é cobrado como se
fosse casa com instalação de água e luz.
Depois de muitos anos, somente agora a Câmara
de Vereadores está anunciando a discussão de uma revisão do Plano Diretor, já
caduco para o tamanho da cidade, a terceira maior do estado, considerada de
capital do sudoeste da Bahia. O trabalho não é fácil e exige muito esforço por
parte do legislativo e de toda sociedade. Se o projeto for aprovado por esta
gestão parlamentar, com certeza será de grande feito histórico em benefício de
Conquista.
Os 21 edis, que no início do império romano,
lá pelos séculos VI e V a. C., eles já tinham a função de supervisionar as ruas
e edifícios da cidade, precisam se concentrar nesta legislatura de mais dois
anos na feitura de um novo Plano Diretor, para dar uma cara nova ao ordenamento
do solo, com leis mais rígidas no âmbito da construção, preservando o meio
ambiente. Conquista tem tudo para ser uma cidade ecológica, mais planejada,
mais urbanizada e mais humana.
Da forma como está, virou uma bagunça porque
hoje existem estabelecimentos comerciais e de serviços em locais inadequados,
como casas de eventos, de festas e boates em áreas residenciais, faculdades,
prédios e até hospitais em ruas já congestionadas onde não há mais espaços para
carros. Há necessidade também de proceder à facilitação de titularidades às
habitações irregulares que são milhares, e impedir a edificação de outras em
locais impróprios.
Há pouco tempo fiz um comentário aqui sobre a
falta de opção de lazer em Conquista nos finais de semana, sendo que existe um grande
potencial a ser explorado, como a Serra do Periperi, Lagoa das Bateias
(entregue aos esgotos), o Poço Escuro e o Parque de Exposição Agropecuária,
subutilizado durante todo o ano.
Coincidência ou não, o
fato positivo foi que a Polícia Militar, numa parceria com a Prefeitura
Municipal, criou e inaugurou no último domingo o Por do Sol no Alto do Cristo
de Mário Cravo onde milhares de pessoas compareceram para apreciar as belezas
do local. Com segurança, é um passeio relaxante para as famílias, jovens,
crianças e idosos.
Além disso, sugeri implantar na Serra
diversas trilhas passando pelo Cetras (centro de tratamento de animais
silvestres), pelo Cristo, seguindo até o Poço Escuro. Em parceria com o setor
privado, na base de uma PPP, falei da possibilidade de instalar um teleférico
do Cristo ao centro da cidade, bem como requalificar a Lagoa das Bateias e
tornar o Parque de Exposições uma área de lazer e diversão nos finais de
semana.
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