BECO DA TESOURA
Nando da Costa Lima

Foi
aqui que se encontraram Íris Silveira, Erathostenes Menezes, Camillo de Jesus
Lima e outros grandes poetas mateiros e caatingueiros.Todos matreiros! Nossa
terra tem o hábito de abrigar grandes almas! Uma época brilhante da poesia
conquistense: “Me solta gente, eu quero
atravessar a fronteira...”, este brado de Camilo explica tudo.
E
o poeta, como sempre muito elegante, atravessou o Beco da Tesoura com muita
pressa. Eros tava pensativo, tinha que arrumar um meio de ficar em Conquista,
tinha bebido da água do Poço Escuro e se enraizado na terra dos Mongoiós. O
Olimpo fez de tudo para resgatá-lo do meio dos mortais, mas sabia que era quase
impossível, ele estava apaixonado pela poesia que emergia da Terra do Frio. Estava
tão apaixonado por Conquista que só voltou ao velho mulungú da terra onde foi
concebido para fazer sua última homenagem a um amigo cuja beleza ficou no
passado! “Buscando a tua sombra / a
evocar o passado / a ti eu me compara amigo abandonado / Tu já não tem mais
vida, e eu já não canto mais”.
Eros
tinha pressa, estava indo encontrar os poetas Íris e Camillo na casa da amiga
Maria Alice. E foi lá que eles bolaram um plano para que Eros permanecesse
vivendo aqui como um mortal... O plano foi simples e eficaz: Eros se declarou
poeta, e se aqui já tinha muito poeta, imagine no Olimpo? Até Afrodite
concordou que ele ficasse. E ele, junto a outros poetas, deixou fluir um tipoúnico
de poesia! Nossa poesia é diferente, não que seja melhor ou pior que a dos
outros... longe disto! É que talvez as musas da Terra do Frio, ou até mesmo o
próprio frio, inspiram ainda mais os nossos poetas, donos de versos
antológicos. É bom saber que pessoas tão geniais se encontraram na nossa linda e surreal Vitória da Conquista.
Foi
numa madrugada fria, no reino do Beco da Tesoura, que as fadas decidiram que
Vitória da Conquista se transformaria em poesia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário