FESTA DO DIVINO EM POÇÕES
Ricardo De Benedictis
A festa do Padroeiro de Poções, o Divino Espírito
Santo, é a mais tradicional da região e uma das mais belas manifestações
religiosas e populares da Bahia.
Neste ano de 2019 a festa do divino tem seu pico na
sexta-feira (7 de junho PV.) com a ‘Chegada da Bandeira’ às 11 horas da manhã,
partindo do bairro Poçoeszinho, postando-se à frente do adro da Igreja Matriz,
situada na Av. Cônego Pithon.
A festa compõe-se de Novenas e
cultos religiosos, culminando com a "Chegada da Bandeira", quando
centenas de cavaleiros e amazonas desfilam pelas ruas principais da cidade ao
som de foguetes e bandas de música, parando em frente à Igreja Matriz onde
assistem e participam de uma grande Missa Campal, onde são entoados os hinos ao
Divino Espírito Santo. Esta é a maior festa do gênero em todo o Estado da
Bahia. A Chegada da Bandeira é uma réplica das Entradas e Bandeiras que
povoaram o nosso país, fazendo crescer os seus limites. Durante o mês de
maio/início de junho milhares de pessoas visitam Poções para participar da
festa. Uns vão para pagar promessas, rever amigos e parentes e outros, para
curtir a festa profana com bandas renomadas que desfilam pela noite a dentro,
principalmente nos 8 dias finais do evento.
Para animação da festa, a prefeitura contrata várias
bandas, a praça principal da antiga e centenária igrejinha erigida em louvor ao
Divino Espírito Santo fica superlotada e a população participa dos festejos do
seu Padroeiro, que acontece no dia de Pentecostes, data móvel, que sempre cai
entre o final do mês de maio/início de junho.
A participação popular na Festa do Divino é muito
forte e a cada ano cresce o número de visitantes. São milhares e milhares
de pessoas de todas as partes do país, filhos de Poções ou não, que se
encontram em harmonia com o Divino Espírito Santo, desde a busca do Mastro, as
novenas, até a Chegada da Bandeira na sexta-feira que antecede o domingo
pentecostal.
HISTÓRIA
DA FESTA
A centenária festa do Divino Espírito Santo, é a
principal da região, das mais tradicionais em toda a Bahia. Do ponto de
vista cronológico, comemorada há mais de um século, datando de 1878, antecede a
data de emancipação do município em dois anos.
A Freguesia do Divino Espírito
Santo de Poções foi criada pela Lei Provincial nº 1.848, em 16 de
setembro de 1878, nomeado seu primeiro vigário o Padre Luis da França dos
Santos. A festa religiosa iniciou-se em 1878, com o primeiro vigário.
Desde então, consta de novenas,
revestidas de todo o aparato, apesar das queixas da população quanto a atuação
de alguns padres e outras autoridades que teimam em descaracterizar a festa ao
longo dos anos, sempre com bons propósitos, mas sem o devido conhecimento do
que representa uma festa tradicional e a sua preservação histórica. Sem
qualquer compromisso com a memória, modificam a festa em sua estrutura,
comprometendo A Chegada da Bandeira,
ponto mais alto da festa profana, uma réplica que homenageia os bandeirantes
que fundaram o município.
DESCARACTERIZAÇÃO
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No tempo da Ditadura,
(1964/1984), os prefeitos, com a conivência do padre e dos civis, organizadores
da festa, mandaram colocar um pelotão de "atiradores" do Tiro de
Guerra local para conter a cavalaria (Chegada da Bandeira), alegando que esta
seria a maneira de evitarem-se acidentes.
O pelotão desfilava à frente da
cavalaria, tornando a festa grotesca, do ponto de vista plástico e tirando o
brilho da cavalgada, vez que, a partir de então, o desfile evoluía a passos de
cágado, andando e parando... Sem o trotar dos animais e o garbo dos cavaleiros
e amazonas que emocionavam até às lágrimas e arrancavam palmas e vivas da
multidão... A Polícia Militar também foi, por várias vezes, convocada a
colocar-se com seus veículos à frente da cavalaria, sob o mesmo pretexto.
Por último, por inspiração não se
sabe de quem, um carro alegórico leva crianças trajadas de anjinhos
precedendo a cavalaria... Um verdadeiro atentado às tradições...
A Chagada da Bandeira é uma
réplica histórica da fundação do município; seria óbvio que nada que
descaracterizasse esta lembrança histórica fosse introduzido na plasticidade da
festa...
Há mais de cem anos havia um pavilhão, especialmente construído e
ornamentado, onde eram realizados leilões de bens doados pela população para a
festa. Além disso, o pavilhão era o principal centro de encontros entre os
filhos de Poções e amigos comuns.
A descaracterização da festa é
uma barreira cada dia mais difícil de vencer pelas comissões organizadoras do
evento, fato que vem tirando grande parte do brilho dos festejos.
Entretanto, algumas obras
importantes foram realizadas, visando o conforto dos visitantes, tanto na
pavimentação quanto na construção de estruturas de apoio.
Barracas, parque de diversões,
muita música, muita cerveja e muito papo — Esta é a parte profana dos festejos.
A parte romântica da festa foi
totalmente engolida pela necessidade de se fazer carnaval; e isto é uma
pena...
Há um movimento crescente, de
parte da comunidade, no sentido de resgatar algumas tradições que a modernidade
foi deixando para trás. É lógico que este trabalho demanda cuidados, mas já é
um ponto de partida para o resgate reclamado por importante segmento da
sociedade poçoense.
O ENCONTRO
Há alguns anos, por inspiração de
alguns poçoenses ali residentes e outros, que vivem em outras plagas, tendo à
frente Pedro Silvino e Lulu Sangiovanni, faz-se o ENCONTRO num baile regado a
papos, beijos e abraços ao som de bandas de músicos poçoenses e que sãu uma
atração no sábado, desta feita, 8 de junho. As camisetas da festa já estão
disponíveis e podem ser reservadas através do FACE com a página de VELHAS FOTOGRAFIAS DE POÇÕES ou
diretamente com Pedro Silvino Longo. Este ano, já reservamos nossa camisa e
esperamos poder rever os amigos tão caros, uns contemporâneos outros mais
jovens, tudo sob a benção do Divino Espírito Santo.
Festa do
Divino
Autor: Ricardo
De Benedictis
Ao meu pai, Massimo De Benedictis, com muitas saudades
e inesquecíveis lembranças... À minha Mãe, Profª Nadir Chagas De Benedictis,
aos meus irmãos, parentes e amigos
É bem alta
madrugada...
Sempre que vou a
Poções
sinto tantas
emoções
no reencontro dos
amigos...
...E na Festa do Divino
volto ao tempo de
menino:
Lembranças dos bens
antigos...
Do carrossel
encantado,
pela sanfona,
embalado,
dos aladins e
fifós,
naquelas noites de orgia
em que nossa
fantasia
não parecia veloz...
A Chegada da
Bandeira,
alvorada, barulheira,
acordando as
madrugadas...
...Fazem parte do
cadastro
a busca do velho
Mastro,
as primeiras namoradas...
A "Furiosa"
tocando
pelas ruas,
arrancando
as palmas das
multidões,
com seus músicos
garbosos
desfilando,
orgulhosos,
Oh, quem me dera, Poções,
reaver os bens
perdidos,
no passado,
esquecidos,
oh quem me dera
voltar...
Resgatar todo o trajeto,
seguindo o caminho
reto
e a juventude abraçar...
Os meus pais sempre
presentes,
amigos, irmãos, parentes,
as quermesses, os
leilões,
as barraquinhas de
palha,
os suéteres de
malha,
o clima frio de Poções...
...Um beijo na
namorada,
um passeio de
mão-dada,
chapéu, capa e botinha...
...Lanterna de pilha à
mão,
garoa, lama,
paixão,
era tudo o que eu tinha...
Cantorias, violadas,
que venciam madrugadas,
são tão caras para mim...
Dormia, então, de
cansaço,
alguém me toca no
braço,
a festa chegara ao fim...
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