VIAGEM DA VIDA
Coroa de sonetos
A Coroa de Sonetos 14
Sonetos + o Soneto Síntese
SONETO
I
A viagem da vida tem
uma parada
Onde o homem livra-se
das forças do mal
Inda que não creia na
brusca estancada
É o fim da
existência, o ponto final...
Encontro do homem com
o irreal
O mais deprimente
momento da lida
Na história da vida,
ponto crucial
Que traz sofrimento,
que abre ferida...
E o homem coberto da
fatal mortalha
Recebe indefeso sua
morte que espalha
Luto, lágrimas,
tristeza, desalento...
O quadro é comum, mas
ninguém se acostuma
Com a ideia da morte,
antes que se consuma
E chora o valente
entregue ao sofrimento...
SONETO II
E chora o valente
entregue ao sofrimento
Herança tristonha que
a morte concede
Ao homem mais forte,
de maior talento
Ao homem mais fraco,
que chora e que cede...
Mas sua esperança se
esvai, diluindo
Na luta incessante do
dia-após-dia...
De muitas ideias
acaba nutrindo
Uma outra esperança
de vã euforia...
E assim é a vida pra
quem bem trabalha
Pra quem crê em Deus
e não teme a mortalha
E sabe ser forte até
no vil instante...
Pois quem à
existência é tão apegado
Do bônus divino é
logo abandonado
Sucumbe o infeliz de
um mal delirante....
SONETO III
Sucumbe o infeliz de
um mal delirante
Pois não acredita no
espírito imortal...
Desperta somente pra
morte no instante
Em que é chegado o
momento fatal...
A morte é o fim. É o
final de tudo
Pois quem fica espera
também seu momento
A ciência evoluiu na
morte seu estudo?
Nada há mais depois
que um corpo fedorento...
Eu creio em Deus e
acho que o Eterno
Não fez o homem só
pra viver no inferno
Num mar de lágrimas,
dor e sofrimento...
O homem, sim, é que sempre agiu errado
Desobedecendo a Deus
e ao Seu chamado
Nem quer, sequer, ter
da morte o chamamento...
SONETO IV
Nem quer, sequer, ter
da morte o chamamento
Como se da vida
pudesse dispor
Mas eis que a vida
que é um bem isento
Do poder humano e só
seu Criador
Pode alterar o início
e o fim desta base
Da vida humana,
usando o arbítrio e poder,
Com um gesto apenas
ou só com uma frase,
Com o pensamento ou
como quiser fazer...
Pode o demônio
encontrar na sua ideia
Um bom disfarce,
melhor pra grande estreia.
Na cena final,
plateia delirante...
Com o mórbido desejo
das cenas trágicas,
Nas fugas atrozes,
rotineiras, mágicas
Beijando e escarrando
a vida a cada instante...
SONETO V
Beijando e escarrando
a vida a cada instante
Segue o mortal pra
sua final parada...
Continua frio,
insensível, inconstante,
Sem ter qualquer
certeza, sem saber nada...
Conheço tanta gente
nesta cidade
Que não sabe o nome
da sua rua
Não conhece o destino
da humanidade,
Mas que só fala em
novela e mulher nua...
Proporciona à lida,
fatos dantescos,
Ao lado de aspectos
tão pitorescos,
A tragicomédia do
cotidiano...
Falando em desgraças,
comuns, sucessivas,
Contando anedotas, as
mais permissivas
Assim passa o tempo,
entra ano, sai ano.
SONETO VI
Assim passa o tempo,
entra ano, sai ano,
Pensando e anotando a
vida vizinha...
Esquece de tudo, até
do desengano
De estar sempre só,
com a novela e a cozinha
E o tempo deixando a
marca da idade
No corpo, no rosto,
na mente, em tudo...
A dar desespero e
causar ansiedade,
Angústia escondida em
roupa de veludo.
O vício é a fuga do
pobre mortal
Que foge de tudo
quanto é real,
Que não sabe escolher
a melhor estrada
Que não reconhece, de
Deus, o sinal
Que não se prepara
pra o dia final
E pede ao Divino que
adie a parada...
SONETO VII
E pede ao Divino que
adie a parada
Prolongando a vida de
quem não merece
Que segue fraudando
na triste escalada,
Que zomba de tudo e
os irmãos desconhece...
Que ganha dinheiro em
negócios escusos
E pensa que pode a
todos comprar
Que tem o conceito
moral obscuro,
Que vive odiando e se
faz odiar...
Mas tem quem cultive
a sua amizade
Por desconhecer sua
grande vaidade
É certo que o mal tem
artes de cigano...
Até seus parentes
mantém em corda curta
Temendo, talvez, a
desgraça que surta
E agarra-se a vida
com ardor insano..
SONETO VIII
E agarra-se à vida
com ardor insano
Sofrendo instantes de
grande aflição...
Quem só planta o mal,
colhe o desengano,
Os piores frutos de
toda estação...
Mas quem a razão lhe
reserva o direito
De auto julgar seus
pecados e vícios
Com aquela isenção de
Juiz, com efeito,
Convém aceitar, que é
bastante difícil...
Cultivando o amor e
amando a poesia,
Vive-se melhor e com
mais alegria
Talvez a melhor opção
encontrada
Por aquele que só
busca a perfeição
Querendo o pior do
que há de intenção
Que é próprio do
homem de mente atrasada...
SONETO IX
Que é próprio do
homem de mente atrasada
Ninguém quer duvidar.
Por essa razão
Ficamos assim, em
meio a emboscada,
Sem um ideal e sem
ter direção...
Com a ideia da morte
antes que se consuma,
A teima do homem em
não se conformar...
E vai à batalha,
vencendo nenhuma
E luta, e perde,
pensando ganhar...
Mais vezes teimando e
sempre perdendo
Prossegue na briga da
vida, querendo
Viver por mais tempo,
com muita vontade
De ter tudo aquilo
que sempre sonhou,
Sem ter de dar algo
pelo que ganhou.
Enfim, é difícil
encarar a verdade...
SONETO X
Enfim, é difícil
encarar a verdade
Quando tudo em volta
lhe dá a certeza
Do dia-após-dia na
grande cidade
Que fica por conta da
mãe-natureza...
No vento, na chuva,
na vil tempestade,
No ronco cruel da
grande trovoada,
A trilha mais dura
daquela ansiedade
Na busca do dia de
linda alvorada...
E assim, sentindo o
longo tempo passar,
E toda a esperança se
desmoronar
No seio de toda uma
sociedade,
As comunidades se
fazem passar
Por grandes mudanças
que fazem sonhar,
Tentar esquecer esta
realidade...
SONETO XI
Tentar esquecer esta
realidade
É negar a Deus e a
Seus mandamentos.
Pois de tudo existe
nesta humanidade
Que ama e desama a
todo momento.
Amar, nesta terra, é
um ato covarde
Os fortes são imunes
ao grande ideal
Mas todos os homens
reconhecem bem tarde
Que o bem vence
sempre as forças do mal...
A vida é repleta de
graves problemas,
Que estão fabricando
enormes edemas
Que vão maculando o
nosso coração...
Mas a humanidade que
já é tão fria
Critica e persegue
quem, por ousadia,
Pensar no problema,
buscar solução...
SONETO XII
Pensar no problema,
buscar solução,
É ser palmatória do
mundo, perdido,
Em diversas guerras
de irmão contra irmão,
Buscando o poder
material, sem sentido...
Alimento da gula e da
ambição
Conquistando
mercados, negando a vida
A tantos seres só
pela ostentação
Da posse de tudo, na
guerra perdida...
Pois perde, no fim, o
lugar destinado
Por Deus para o homem
que teve pecado,
Mas que soube ser bom
senhor ou lacaio...
No grande Congresso o
assunto é tratado
E o juízo final, é
assim sentenciado:
Só Deus cria vida num
tubo de ensaio...
SONETO XIII
Só Deus cria a vida
num tubo de ensaio
Pois eis que esse dom
é de todo, divino...
A vida e a morte são
mesmo que um raio.
São sopros de Deus,
que criou o destino...
Se pensas que temos
direito de errar,
Existe uma lei que
esclarece a questão:
Errar consciente e depois
lamentar,
É fato comum, não
merece perdão...
Mas aquele que erra
sem conhecer,
Ou de qualquer modo
se arrepender
Tornando-se de Deus
um grande lacaio,
No juízo Final será
indultado
Por quem sente
alegria em ter perdoado,
Quem evita, decerto,
a queda de um raio?...
SONETO XIV
Quem evita, decerto,
a queda de um raio,
É o Deus sempre
ausente em nosso corações
De inverno a inverno,
de abril a maio,
Mas que está presente
em todas as ocasiões...
Nos lares desfeitos
dos casais aflitos,
Mediando efeitos de
graves problemas
Em meio às desgraças
de grandes atritos,
Inspirando aos
homens, os melhores temas...
Na vida e na morte
que eu quis estudar,
Fluídos excelsos que
Deus quis me dar,
Com sopros sutis na
minha inspiração...
A vida e a morte não
são bens terrenos
São Leis do Congresso
do Céu, do Sereno...
Mistérios de Deus...
Coisas sem explicação...
VIAGEM DA VIDA XV
SONETO SÍNTESE
E chora o valente
entregue ao sofrimento
Sucumbe o infeliz de
um mal delirante
Nem quer, sequer, ter
da morte o chamamento
Beijando e escarrando
a vida a cada instante...
Assim passa o tempo
entra ano, sai ano
E pede ao Divino que
adie a parada
E agarra-se à vida
com ardor insano
Que é próprio do
homem de mente atrasada...
Enfim, é difícil
encarar a verdade,
Tentar esquecer esta
realidade,
Pensar no problema,
buscar solução...
Só Deus cria a vida
num tubo de ensaio,
Ou evita, decerto, a
queda de um raio!...
Mistérios de Deus.
Coisas sem explicação...