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segunda-feira, 16 de outubro de 2023

RICARDO DE BENEDICTIS - POESIA

ESTRELA GUIA

Ricardo De Benedictis

 

Fiz transbordar alegria

no auge da fantasia

e encontrei solidão.

Dei asas ao meu corcel

abrindo as portas do céu

e recobrei a razão...

 

Depois, te fiz poesia

e a paz que eu não conhecia

tornou-me um homem feliz;

meus olhos brotavam mel

e a espuma do mar, em véu,

no paraíso que eu fiz

 

me transmutou em centelha

ora azul, ora vermelha,

arco-iris sob o sol...

Passei a ser energia

promovido a estrela-guia

no limiar do arrebol...

 

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

RICARDO DE BENEDICTIS - SÍNTESE DA BIOGRAFIA DA PROFESSORA NADIR CHAGAS DE BENEDICTIS - * 12/10/1908 + 14/02/1967

SÍNTESE DA BIOGRAFIA DA PROFESSORA NADIR CHAGAS DE BENEDICTIS -  * 12/10/1908 + 14/02/1967

Nadir Chagas De Benedictis, nasceu em Salinas da Margarida, Bahia, em 12 de outubro de 1908. Seu nome de batismo é Nadir Alves Chagas. Filha de Manoel Ricardo das Chagas e D. Josepha Alves Chagas. Seu pai, o Cel. Manoel Ricardo Chagas, era gerente da Companhia Salinas da Margarida, de propriedade do Comendador Campos, figura proeminente no mundo político da Capital da Bahia, no início do século XX. Sua mãe, era da cidade de Lençóis, Lavras Diamantinas e foi a segunda esposa do Cel. Manoel Ricardo, que era viúvo. Nadir formou-se em Salvador, No Colégio Nossa Senhora dos Perdões, no bairro de Santo Antonio Além do Carmo.
Ao formar-se, seu pai faleceu e ela teve que assumir a função de professora, para cumprir seu mister. Por indicação do Prof. Anísio Teixeira, veio para o Município de Poções, com uma carta de recomendação ao então Tabelião - Saturnino Luiz de Macedo, que, por sua vez, apresentou-a a Fulgêncio Silva e família, onde passou a residir por dois anos.
Aos 19 anos de idade, logo após a formatura, chegava ao Arraial dos Maninhos, a primeira professora formada para lecionar em Poções, a Profª Nadir Alves Chagas, Didi para a família Lago Silva, de quem foi professora e hóspede, professora Didi para os alunos e para a comunidade. Enérgica e simples, bonita e muito segura de si, em pouco tempo conquistou a simpatia de todos e o coração do italiano Massimo Antonio De Benedictis com quem veio a casar-se. O tempo encarregou-¬se de fazer da professora Didi um exemplo sempre citado de abnegação e amor ao trabalho.
Quando por força dos interesses do seu esposo, passou a morar na sede do Município de Poções já era mãe de três filhos e passou a exercer sua função no recém criado Grupo Escolar Alexandre Porfírio, na antiga praça da Liberdade, atual praça da Bandeira, onde deu educação a algumas gerações de poçoenses, muitos dos quais despontaram e despontam nas letras e nas artes, graças à base que tiveram naquele primoroso curso primário, onde o aluno entrava analfabeto e saía expert em gramática. matemática, história. geografia e ciências naturais, com excelentes hábitos e atitudes assimilados, aptos a enfrentar a vida. Ela se desdobrava para ensinar, tudo o que era necessário ao crescimento intelectual dos seus alunos. Além das matérias do currículo escolar, a prática de esportes, o lazer, jogos lúdicos, peças teatrais, concursos inter-alunos e inter-classes, sabatinas e outras atividades extra-classe que levavam o aluno a desejar aprender para competir com os colegas e, mais tarde, no ambiente de trabalho, quando adultos. Ela fazia do aprendizado individual uma competição que rendia frutos excepcionais no aproveitamento da classe, chegando a trabalhar em três turnos, pois os salários que recebia, enviava para a sua família materna, no Rio de Janeiro. Jamais aceitou um cargo de direção, com exceção do Alexandre Porfírio, onde levou pouco tempo tendo que passar o cargo para a colega Alzira Brázida Santa Rita, mas estava sempre pronta a ajudar a dirigir a escola. Costumava dizer: “Gosto mesmo é de ensinar...” Pegava aluno analfabeto e deixava em condições de fazer a Admissão ao Ginásio. E seus alunos eram aprovados nos colégios de Jequié e Salvador, uma vez que Poções não tinha ainda o curso ginasial.
Em 1952 passou a lecionar em Salvador até aposentar-se. Sua ida para Salvador deveu-se ao fato de ter que acompanhar os filhos que lá estudavam e que moravam em pensionatos.
Em 1962 sofreu a perda do seu marido Massimo, com quem conviveu por 33 anos; perda que muito a abalou, passando a ter problemas de saúde. Em 1967, faleceu de causas naturais, aos 59 anos de idade.
A Profª Nadir teve dez filhos; sete mulheres e três homens: Ernesto De Benedictis (advogado), que faleceu em 1982. Terezinha (poetisa), Marilze (professora), faleceu em Salvador em 2002. Olga (funcionária pública); Stella Maria (professora e poetisa); Nadir (faleceu em 2010, em Salvador). Ricardo De Benedictis (jornalista, escritor, poeta e músico), reside em Vitória da Conquista, Carlos Alberto (funcionário público aposentado, reside em Salvador); Nancy (de prendas domésticas, faleceu em Esplanada) e Rosa Maria (funcionária pública,,faleceu em 2010, em Salvador).
Em 1981, o Prefeito Octavio José Curvelo (seu ex aluno), inaugurou o prédio escolar que batizou de Nadir Chagas De Benedictis, com mensagem aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores de Poções, numa justa homenagem a quem deu a vida pela educação das crianças poçoenses. Seu filho mais velho, Dr. Ernesto De Benedictis, foi um dos maiores advogados da Bahia e tem seu nome batizado em uma rua no centro da cidade de Poções, pelos relevantes serviços que prestou à comunidade. Seu 7º filho, Massimo Ricardo De Benedictis é autor do Hino a Poções, aprovado em lei municipal em 2002, gestão do prefeito Almino Viana, composto em parceria com o advogado Carlos Alberto Napoli, também seu ex aluno.
Por ocasião das comemorações das Bodas de Prata da Escola Profª Nadir Chagas De Benedictis, dedico este texto à direção e aos alunos deste conceituado estabelecimento de ensino, bem como à Escola Municipal Alexandre Porfírio, da qual minha mãe foi a primeira diretora, desde a fundação em 1942.
 


segunda-feira, 2 de outubro de 2023

RICARDO DE BENEDICTIS - COROA DE SONETOS

 

VIAGEM DA VIDA

Coroa de sonetos

 

A Coroa de Sonetos 14 Sonetos + o Soneto Síntese

 

            SONETO I

A viagem da vida tem uma parada

Onde o homem livra-se das forças do mal

Inda que não creia na brusca estancada

É o fim da existência, o ponto final...

 

Encontro do homem com o irreal

O mais deprimente momento da lida

Na história da vida, ponto crucial

Que traz sofrimento, que abre ferida...

 

E o homem coberto da fatal mortalha

Recebe indefeso sua morte que espalha

Luto, lágrimas, tristeza, desalento...

 

O quadro é comum, mas ninguém se acostuma

Com a ideia da morte, antes que se consuma

E chora o valente entregue ao sofrimento...

        

              SONETO II

 

E chora o valente entregue ao sofrimento

Herança tristonha que a morte concede

Ao homem mais forte, de maior talento

Ao homem mais fraco, que chora e que cede...

 

Mas sua esperança se esvai, diluindo

Na luta incessante do dia-após-dia...

De muitas ideias acaba nutrindo

Uma outra esperança de vã euforia...

 

E assim é a vida pra quem bem trabalha

Pra quem crê em Deus e não teme a mortalha

E sabe ser forte até no vil instante...

 

Pois quem à existência é tão apegado

Do bônus divino é logo abandonado

Sucumbe o infeliz de um mal delirante....

 

 

                SONETO III

Sucumbe o infeliz de um mal delirante

Pois não acredita no espírito imortal...

Desperta somente pra morte no instante

Em que é chegado o momento fatal...

 

A morte é o fim. É o final de tudo

Pois quem fica espera também seu momento

A ciência evoluiu na morte seu estudo?

Nada há mais depois que um corpo fedorento...

 

Eu creio em Deus e acho que o Eterno

Não fez o homem só pra viver no inferno

Num mar de lágrimas, dor e sofrimento...

 

O homem, sim,  é que sempre agiu errado

Desobedecendo a Deus e ao Seu chamado

Nem quer, sequer, ter da morte o chamamento...

 

            SONETO  IV

Nem quer, sequer, ter da morte o chamamento

Como se da vida pudesse dispor

Mas eis que a vida que é um bem isento

Do poder humano e só seu Criador

 

Pode alterar o início e o fim desta base

Da vida humana, usando o arbítrio e poder,

Com um gesto apenas ou só com uma frase,

Com o pensamento ou como quiser fazer...

 

Pode o demônio encontrar na sua ideia

Um bom disfarce, melhor pra grande estreia.

Na cena final, plateia delirante...

 

Com o mórbido desejo das cenas trágicas,

Nas fugas atrozes, rotineiras, mágicas

Beijando e escarrando a vida a cada instante...

                        

                SONETO V

Beijando e escarrando a vida a cada instante

Segue o mortal pra sua final parada...

Continua frio, insensível, inconstante,

Sem ter qualquer certeza, sem saber nada...

 

Conheço tanta gente nesta cidade

Que não sabe o nome da sua rua

Não conhece o destino da humanidade,

Mas que só fala em novela e mulher nua...

 

Proporciona à lida, fatos dantescos,

Ao lado de aspectos tão pitorescos,

A tragicomédia do cotidiano...

 

Falando em desgraças, comuns, sucessivas,

Contando anedotas, as mais permissivas

Assim passa o tempo, entra ano, sai ano.

      

                   SONETO VI

Assim passa o tempo, entra ano, sai ano,

Pensando e anotando a vida vizinha...

Esquece de tudo, até do desengano

De estar sempre só, com a novela e a cozinha

 

E o tempo deixando a marca da idade

No corpo, no rosto, na mente, em tudo...

A dar desespero e causar ansiedade,

Angústia escondida em roupa de veludo.

 

O vício é a fuga do pobre mortal

Que foge de tudo quanto é real,

Que não sabe escolher a melhor estrada

 

Que não reconhece, de Deus, o sinal

Que não se prepara pra o dia final

E pede ao Divino que adie a parada...

 

                SONETO VII

E pede ao Divino que adie a parada

Prolongando a vida de quem não merece

Que segue fraudando na triste escalada,

Que zomba de tudo e os irmãos desconhece...

 

Que ganha dinheiro em negócios escusos

E pensa que pode a todos comprar

Que tem o conceito moral obscuro,

Que vive odiando e se faz odiar...

 

Mas tem quem cultive a sua amizade

Por desconhecer sua grande vaidade

É certo que o mal tem artes de cigano...

 

Até seus parentes mantém em corda curta

Temendo, talvez, a desgraça que surta

E agarra-se a vida com ardor insano..

              

                SONETO VIII

E agarra-se à vida com ardor insano

Sofrendo instantes de grande aflição...

Quem só planta o mal, colhe o desengano,

Os piores frutos de toda estação...

 

Mas quem a razão lhe reserva o direito

De auto julgar seus pecados e vícios

Com aquela isenção de Juiz, com efeito,

Convém aceitar, que é bastante difícil...

 

Cultivando o amor e amando a poesia,

Vive-se melhor e com mais alegria

Talvez a melhor opção encontrada

 

Por aquele que só busca a perfeição

Querendo o pior do que há de intenção

Que é próprio do homem de mente atrasada...

             

                 SONETO IX

Que é próprio do homem de mente atrasada

Ninguém quer duvidar. Por essa razão

Ficamos assim, em meio a emboscada,

Sem um ideal e sem ter direção...

 

Com a ideia da morte antes que se consuma,

A teima do homem em não se conformar...

E vai à batalha, vencendo nenhuma

E luta, e perde, pensando ganhar...

 

Mais vezes teimando e sempre perdendo

Prossegue na briga da vida, querendo

Viver por mais tempo, com muita vontade

 

De ter tudo aquilo que sempre sonhou,

Sem ter de dar algo pelo que ganhou.

Enfim, é difícil encarar a verdade...

 

                SONETO X

Enfim, é difícil encarar a verdade

Quando tudo em volta lhe dá a certeza

Do dia-após-dia na grande cidade

Que fica por conta da mãe-natureza...

 

No vento, na chuva, na vil tempestade,

No ronco cruel da grande trovoada,

A trilha mais dura daquela ansiedade

Na busca do dia de linda alvorada...

 

E assim, sentindo o longo tempo passar,

E toda a esperança se desmoronar

No seio de toda uma sociedade,

 

As comunidades se fazem passar

Por grandes mudanças que fazem sonhar,

Tentar esquecer esta realidade...

        

                SONETO XI

Tentar esquecer esta realidade

É negar a Deus e a Seus mandamentos.

Pois de tudo existe nesta humanidade

Que ama e desama a todo momento.

 

Amar, nesta terra, é um ato covarde

Os fortes são imunes ao grande ideal

Mas todos os homens reconhecem bem tarde

Que o bem vence sempre as forças do mal...

 

A vida é repleta de graves problemas,

Que estão fabricando enormes edemas

Que vão maculando o nosso coração...

 

Mas a humanidade que já é tão fria

Critica e persegue quem, por ousadia,

Pensar no problema, buscar solução...

       

                SONETO XII

Pensar no problema, buscar solução,

É ser palmatória do mundo, perdido,

Em diversas guerras de irmão contra irmão,

Buscando o poder material, sem sentido...

 

Alimento da gula e da ambição

Conquistando mercados, negando a vida

A tantos seres só pela ostentação

Da posse de tudo, na guerra perdida...

 

Pois perde, no fim, o lugar destinado

Por Deus para o homem que teve pecado,

Mas que soube ser bom senhor ou lacaio...

 

No grande Congresso o assunto é tratado

E o juízo final, é assim sentenciado:

Só Deus cria vida num tubo de ensaio...

               

                 SONETO XIII

Só Deus cria a vida num tubo de ensaio

Pois eis que esse dom é de todo, divino...

A vida e a morte são mesmo que um raio.

São sopros de Deus, que criou o destino...

 

Se pensas que temos direito de errar,

Existe uma lei que esclarece a questão:

Errar consciente e depois lamentar,

É fato comum, não merece perdão...

 

Mas aquele que erra sem conhecer,

Ou de qualquer modo se arrepender

Tornando-se de Deus um grande lacaio,

 

No juízo Final será indultado

Por quem sente alegria em ter perdoado,

Quem evita, decerto, a queda de um raio?...

       

                SONETO XIV

Quem evita, decerto, a queda de um raio,

É o Deus sempre ausente em nosso corações

De inverno a inverno, de abril a maio,

Mas que está presente em todas as ocasiões...

 

Nos lares desfeitos dos casais aflitos,

Mediando efeitos de graves problemas

Em meio às desgraças de grandes atritos,

Inspirando aos homens, os melhores temas...

 

Na vida e na morte que eu quis estudar,

Fluídos excelsos que Deus quis me dar,

Com sopros sutis na minha inspiração...

 

A vida e a morte não são bens terrenos

São Leis do Congresso do Céu, do Sereno...

Mistérios de Deus... Coisas sem explicação...

 

 

VIAGEM DA VIDA XV

SONETO SÍNTESE

E chora o valente entregue ao sofrimento

Sucumbe o infeliz de um mal delirante

Nem quer, sequer, ter da morte o chamamento

Beijando e escarrando a vida a cada instante...

 

Assim passa o tempo entra ano, sai ano

E pede ao Divino que adie a parada

E agarra-se à vida com ardor insano

Que é próprio do homem de mente atrasada...

 

Enfim, é difícil encarar a verdade,

Tentar esquecer esta realidade,

Pensar no problema, buscar solução...

 

Só Deus cria a vida num tubo de ensaio,

Ou evita, decerto, a queda de um raio!...

Mistérios de Deus. Coisas sem explicação...