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terça-feira, 30 de outubro de 2018

VALDIR BARBOSA - CRÔNICA

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

Valdir Barbosa
Ontem, ao acordar, longe de casa, de onde sai para sufragar meu voto, na cidade serrana que me acolheu há mais de quarenta anos, quando deixei minha soterópolis e nasci como polícia no entorno desta Vitória da Conquista, assisti uma chuva forte que lavou a cidade por horas e fez descer enxurrada, desde o alto da serra do Periperi lavando tudo, levando morro abaixo, a sujeira acumulada nos últimos dias.
Atento aos sinais entendi, como de costume, a mensagem cósmica da consagração do candidato, em quem depositei e deposito minhas esperanças, de promover a necessária assepsia e remover a imundice que vem se acumulando no país, há tanto tempo. E assim ocorreu, Jair Messias Bolsonaro, pela vontade do povo brasileiro, do Japão em diante foi acumulando votos, em enxurrada, capazes de lhe fazer eleito presidente do Brasil.
A campanha, recheada de golpes baixos, sujos, culminando com agressão física ao candidato esfaqueado em praça pública, revelou a face obscura daqueles que tentavam a todo custo se manter no poder, única e exclusiva pretensão do P.artido T.enebroso que levou o país a bancarrota.
Toda uma gama de desmandos foram praticados nesta nação, desde que Lula assumiu o poder, reelegeu-se, enfiou um fantoche no governo e tentou emplacar outro seu protegido, agora na presidência, mesmo preso, condenado por corrupção, com sentença confirmada em instancias superiores.
Frise-se, seu candidato, a quem havia feito prefeito da maior metrópole sul americana, implicado em três dezenas de processos, por improbidade e desvios diversos foi considerado o pior prefeito de São Paulo, mas, a ambição incontida de Luis Inácio sempre insistiu em apostar nos piores nomes, posto, marionetes fazem parte da preferência daqueles que desejam a perpetuação no poder.
José Dirceu, gênio do mal que arquitetou o plano de fazer do Brasil, o centro latino americano da ditadura do proletariado, acertou em quase tudo, todavia, não contava com a personalidade doentia da figura que escolheu, em razão do carisma que guardava Lula, como artífice mor do seu projeto. Criou um monstro que o engoliu, como de resto a toda estrutura trepada sobre um mar de lama, onde afinal se fez afundar.
Além disto, há que referir sobre a mão perfeita do Soberano que, de Roberto Jeferson, ao incongruente Joaquim Barbosa – no mensalão – seguindo na direção do competente Sérgio Moro, suporte máster da operação lava-jato foi revelando as entranhas podres da quadrilha que assaltou o país nos derradeiros anos.
O dinheiro desviado no “petrolão”, os milhares de dólares destinados, via BNDES, a países americanos e a africanos, para viabilizar a corrupção, recursos que poderiam ter sido aplicados no Brasil são prova inconteste, de que o interesse dos petistas nunca foi atender as necessidades do povo brasileiro, na verdade, tão somente guardavam propósito de engordar os bolsos dos falsos patriotas e atender ao projeto de poder fomentado no Foro de são Paulo.
Porém, tudo é finito neste mundo terreno, assim, o tempo do grupo que por quase duas décadas comandou, da pior forma, os desígnios desta terra chegou a seu termo. A partir de janeiro confiamos que outros rumos serão trilhados e poderemos retomar o crescimento, viver dias de prosperidade, segurança e paz vendo as instituições, sobretudo a família, célula mãe da sociedade, fortalecidas. Por isto, mais de cinquenta milhões de brasileiros depositaram seu voto nas urnas e elegeram o capitão como presidente.
A campanha foi dura. Conhecidos e até amigos fraternos entraram em rota de colisão, frente as preferências nos candidatos que ao final polarizaram a disputa, contudo, a hora agora é de entendimento e união de esforços, para apoiar e fiscalizar aquele que foi guindado ao cargo na força da escolha independente. O mau exemplo do derrotado, que no seu discurso, após o resultado, não menciona o vitorioso e nem o cumprimenta, como de praxe, não deve ser seguido, posto revela postura antirepublicana e antidemocrática.
Pouco importa se na Bahia, minha terra, Bolsonaro não foi vitorioso. Em setembro de 1822, quando proclamada a independência brasileira pelo Príncipe Regente, os ventos da liberdade apenas sopraram por aqui, tardiamente, após as pugnas sangrentas dos nossos índios, negros, caboclos e mamelucos, quando muitos perderam suas vidas, para que afinal fosse percorrido o Corredor da Vitória, em dois de julho de 1823.
Nos próximos dias volto, com o corpo e alma lavadas para o regaço dos meus, os abraços de minha amada e juntos, como fazemos sempre haveremos de caminhar, sob as mesmas arvores seculares que sombrearam os heróis da nossa independência, em direção à Igreja de Nossa Senhora, para agradecer a vitória e rezar, na certeza de que haverá de chegar o dia, em que a Bahia estará também liberta do P.artido dos T.enebrosos.
VDC, 29 de outubro de 2018
Valdir Barbosa

domingo, 28 de outubro de 2018

RICARDO DE BENEDICTIS - CRÔNICA

ALEA JACTA EST - A SORTE ESTÁ LANÇADA:
ANALISANDO AS ELEIÇÕES – A MINHA OPINIÃO
Ricardo De Benedictis
Apesar das mentiras espalhadas irresponsavelmente pelos apoiadores de ambos os candidatos, além de impropérios e arroubos de lado a lado, vamos chegando ao final do processo eleitoral.
E neste domingo, 28 de outubro, finalmente conheceremos o presidente que o povo brasileiro quer para dirigir o ‘Titanic’ desgovernado há alguns anos, pilhado, saqueado, esbulhado, alienado ou seja lá que termos devamos dar ao nosso amado e roubado BRASIL.
As últimas pesquisas do IBOPE e DataFolha, dando conta da subida de Haddad e estagnação de Bolsonaro, inda dão uma perspectiva de vitória para Bolsonaro, entre 15 e 20 milhões de votos.
·       Não entendemos o porquê do STE fraquejar em aceitar a presença de representantes dos  candidatos na apuração final, que se dá dentro de uma sala/cofre na sede do STE, em Brasília.  Nas eleições de 2014, a ausência da fiscalização dos candidatos suscitou uma tremenda desconfiança nos derrotados, a ponto do PSDB pedir recontagem de votos e impugnar o resultado. Se o STE aceitasse, daria transparência ao resultado final e acabaria com especulações que fazem muito mal à Democracia que todos devem preservar. Outro fato não muito palatável foi a decisão monocrática da ministra Carmen Lúcia EM IMPEDIR A AÇÃO  Polícia Federal e tirando a autoridade dos TREs que autorizaram a retirada da faixas e cartazes das universidades públicas, e ainda estendendo a ordem liminar às universidades privadas. Todos sabem que os partidos de esquerda dominam as universidades públicas, totalmente ‘aparelhadas’ por células de partidos extremistas, a exemplo do PSOL, em todo o país. Grande parte é gerida pelo PT e PCdoB. Eles se acham donos do ‘pensamento único’ que a ministra em sua decisão equivocada fez pouco caso, alegando que seria o ambiente propício. A Constituição Federal é clara em proibir ‘campanha eleitoral’ dentro dos prédios públicos. Ora ‘campanha eleitoral’ não significa apenas pedir voto, mas fazer discursos prós e contra candidatos. E isso é o que vem acontecendo em todo o país, com raras exceções. À noite, a ministra Rosa Weber, presidente do TSE baixou uma resolução fazendo valer a Lei Eleitoral e autorizando a jurisdição dos TREs nas universidades que abriguem seções eleitorais. Imaginem se vigorasse a decisão absurda de Carmen Lúcia, o que seria da legitimidade das eleições!
·       Vamos aguardar o final do pleito e da apuração. Depois vamos nos posicionar sobre todas as picuinhas que nossas autoridades fizeram nestes dois meses do processo eleitoral, principalmente depois do atentado contra Bolsonaro.
·       Não esquecendo de salientar que em 2014 as Fake News eram favoráveis ao PT e a Dilma. Como os seguidores de Bolsonaro aprenderam a manobra e passaram a usá-la, está havendo o maior reboliço. Vamos cravar o velho ditado “Quem pariu Matheus que o embale”! Eu já votei. E você?

sábado, 27 de outubro de 2018

NANDO DA COSTA LIMA - CRÔNICA


Acauã
Nando da Costa Lima
 Na nossa Vitória da Conquista do presente o acauã só é parte do passado... Mas antes, quando as matas do Sudoeste baiano ainda eram densas, ela era a vidente do sertanejo, uma ave mística! Era quem previa o bem ou o mal quando estavam por vir, o acauã dava seu aviso quando fazia pouso nas gameleiras, e era aí que estava toda a “ciência”! Qualquer sertanejo que se prezasse sabia quando o acauã cantava num galho seco da gameleira é porque o anjo da morte estava por perto. Da mesma forma também sabiam que quando este canto partia de um galho verde era sinal de farturas e alegrias. Hoje em Conquista não existem mais Acauãs nem gameleiras, mas ficaram as histórias onde estes sempre tiveram presentes...
  Uma vez, há muito tempo atrás um fazendeiro adoeceu gravemente. O velho, que era muito supersticioso, chamou os dois filhos e pediu que não deixassem as Acauãs fazerem pouso na grande gameleira que sombreava o casarão. No início os filhos pensaram em derrubar a árvore. Mas esta ideia foi posta fora de prática pelo próprio velho, pois se tratava de uma árvore secular que três gerações de sua família vinha conservando. Era um marco! Sendo assim, a única forma encontrada pelos rapazes de evitar o pouso nas árvores foi mandar exterminar todas as Acauãs encontradas na região, chegaram até a pagar os caçadores para incentivar a matança. Enquanto o velho sofria na cama, os filhos se revezavam armados em frente a gameleira pra no caso de algum acauã tentar pousar. E o velho definhava cada vez mais...  Um dia chegou um caçador e garantiu que num raio de seis léguas não existia umo acauã. Tinham sido todas caçadas como foi mandado. Os filhos do velho respiravam aliviados... Mas o sofrimento do pai se tornou uma tortura para todos, era contagiante, eram noites e dias de gemidos e gritos de dor. Chegou um tempo que a morte seria um alívio, foi só aí que o velho entendeu que ninguém pode interferir no destino, e pediu aos filho que capturassem algumas Acauãs nos lugares que não foram caçadas e soltassem em volta da casa... Só depois que o acauã cantou no galho seco da gameleira que sombreava o casarão da fazenda é que o dono descansou em paz...
Desde “minino” que gosto de inventar estória. Tanto era, que Dr. Mármore Neto (pai de Murilo prefeito) que na época era Juiz em Conquista, todo fim de tarde trazia doce só pra me ver contando mentira. Nós éramos vizinhos e uma vez eu escutei ele falar pra meu pai que eu daria um bom advogado, nunca tinha visto alguém mentir com tanto entusiasmo. Mas isso não vem ao caso, eu tô falando é de Acauã..., E na minha infância o progresso já tinha acabado com as matas e com os Acauãs. Mesmo assim a expressão ainda era usada pra definir os bons e os maus acontecimentos. Como na “reforma” de 64 quando o acauã cantou no alto do galho seco de uma gameleira e este canto ecoou com bastante intensidade aqui interrompendo uma grande caminhada que só veio a ser retomada 18 anos mais tarde (com muito brilhantismo). Uma época de grande beleza na política conquistense (antes vista como reduto da oposição)...Ele cantou no quintal da viúva Lourença e também num galho seco do terreiro do coronel Domingos Ferraz nos idos de 1895, quando por vingança foram mortas 22 pessoas de sua família, inclusive ele (Tragédia do Tamanduá). Mas o acauã também já cantou nos galhos verdes atraindo felicidade através dos tempos, é porque pouca gente viu! Mas tenho certeza que toda vez que aqui nascia ou chegava alguém como Maneca Grosso, Glauber Rocha, Íris Silveira, Erathóstenes Menezes, Camilo de Jesus Lima, Yolando Fonseca, o acauã cantava em harmonia com a vida, do galho mais verde e vistoso da gameleira.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

JEREMIAS MACÁRIO - CRÔNICA

OS JUMENTOS HUMANOS ESTÃO

EXTINGUINDO OS JEGUES DO SERTÃO
Jeremias Macário
Cantado em prosas e versos por repentistas, trovadores e muitos outros artistas, inclusive pelo grande Luiz Gonzaga, o jegue até transportou o menino Jesus no deserto até o Egito, para livrá-lo da perseguição de um rei. Pode-se até dizer que se trata de um animal sagrado.
  Há uns 40 a 50 anos na Bahia os sertanejos viviam apreensivos com os caçadores de jegues que eram apanhados nas estradas, ou comprados nos pastos secos por preços irrisórios, para serem levados a um abatedouro de jumentos, burros e cavalos, instalado em Senhor do Bonfim, no norte do estado. Se não me engano, as carnes, as vísceras e os couros eram exportados para o Japão ou para a China. Como jornalista cheguei a fazer uma reportagem sobre o caso.
  Lembro que um desses atravessadores, tipo corretor de jegues, esteve no terreno do meu pai fazendo uma proposta indecente de compra para levar seu animal, que tanto nos servira para carregar mandioca na roça e transportar a farinha para a feira da cidade de Piritiba. Meu pai, como se diz no popular, virou uma fera co0ntra o chamado holocausto do jegue e escorraçou o sujeito da porta na ponta da faca. Saiu correndo sem olhar pra trás.
Meu pai tinha uma grande estimação e dever de gratidão pelo jumento, como se fosse um ente irmão que sempre ajudou no sustento da família, trabalhando dia e noite. Ficou revoltado com a ação das matanças indiscriminadas e jurou que seu jegue morreria caduco de velho em seu pasto, e assim aconteceu. Foi um gesto de amor e reconhecimento.
Nas feiras das cidades e nos povoados do interior, eles tinham até currais de recolhimento, enquanto o sertanejo ia vender suas mercadorias e fazer suas compras. Cada um trazia os seus jumentos carregados de farinha, frutas, verduras e cereais, e retornavam para suas casas montados neles, proseando e contando causos no ritmo da lentidão do tempo, na base do trote vagaroso. Eram bem tratados e cada um valorizava e preservava seu bichinho. 
Este holocausto dos jumentos perdura até hoje, e pouco se tem feito para evitar esta barbaridade dos humanos jumentos. Por muito tempo o jegue é um símbolo do Nordeste e está na hora de se criar um movimento para evitar seu desaparecimento,como existem as sociedades, os grupos e as ongs protetoras das baleias, das tartarugas, das araras, dos papagaios, dos cachorros e de outros animais para evitar suas extinçõesna terra.
   São ações válidas, mas o pobre do jegue, por ser também chamado de jumento, de burro imbecil, não merece a mínima atenção dos ambientalistas. É como se essa espécie fosse considerada de classe inferior imprestável, de pouca importância para a preservação ambiental, substituída pelas máquinas dos cavalos de aço motorizados. Ninguém no campo quer mais saber do jumento, e em pouco tempo só vai ser lembrando pelas novas gerações através de fotos. Enquanto isso, prolifera a raça dos humanos burros jumentos que primam pelo ódio e a intolerância.
Passados os anos, a sociedade capitalista avarenta irracional continua exterminando os nossos inocentes animais da espécie, que por séculos serviram o nordestino no transporte de cargas. Como sempre, esses gananciosos do lucro agem como jumentos animais levando os outros mais nobres inofensivos para o abate, sem contar as crueldades praticadas contra esses bichos antes de entrarem nos matadouros da morte.
 Há algum tempo a carne passou a ser exportada, o que aumentou o risco de extinção. Na Bahia, por exemplo, foi autorizado pelo governo o abate em Miguel Calmon, Amargosa e em Itapetinga onde, nesta cidade, se constatou a prática de terríveis maltratos por parte de uma empresa da China. Ninguém mais falou do assunto.
Para reforça a luta em defesa desses animais foi instalada em 2016 a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, que promoverá em 25 de novembro, atos em várias cidades do Brasil, inclusive em Salvador. Medidas similares devem ser multiplicadas como no Ceará onde criaram “santuários”, áreas destinadas a abrigar os jegues que são abandonados pelos donos e vagam pelas margens das rodovias, passando fome e morrendo atropelados.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

JEREMIAS MACÁRIO - CRÔNICA HISTÓRICA

CURIOSIDADES DO MUNDO GREGO (PARTE VIII)
Jeremias Macário
GUERRA DO PELOPONESO – O império de Atenas se chamava Confederação, mas, na verdade, o que existia mesmo era o controle comercial e político dela subjugando as outras cidades satélites. Para começar, os cidadãos da Confederação não tinham os mesmos direitos. Quando existiam conflitos onde estava envolvido um ateniense, só os magistrados de Atenas tinham competência para julgar, conforme relata o autor de “História dos Gregos”, Indro Montanelli.
Em 459 a.C. Atenas usara a frota para tentar expedição ao Egito e expulsar os persas ali instalados. A frota de Atenas que devia servir à causa comum,foi utilizada para esmagar uma revolta nos estados de Egina, Eubéia e Samos. Esparta, de origem dórica, guerreira, aristocrática e conservadora, que não era grande cidade cosmopolita, mas contava com muitos quarteis no interior do Peloponeso, encarava as repressões como sinal de fraqueza.
Diante dos conflitos entre os estados e uma aparente guerra, Péricles realizou uma conferência de cúpula, tentando trazer toda população da Ática e o exército para dentro dos muros de Atenas. Esparta, no entanto, achou que aderir seria reconhecer a supremacia de sua rival. Muitos estados fizeram o mesmo e a cúpula foi um fracasso.
O problema era saber quem tinha a força de unificar a Grécia. Atenas era um povo jônico, a democracia, a burguesia, o comércio e a indústria. Esparta, conservadora, totalitária e grosseira. Em 435, Corcira pediu para entrar na Confederação e insurgiu-se contra Corinto. Três anos depois, Potidéia, colônia de Atenas, revoltou-se e pediu ajuda a Corinto. Péricles mandou um exército contra ela, mas não conseguiu derrotá-la.
Vendo o fracasso de Atenas, Mégara rebelou-se também e aliou-se com Corinto, que chamou Esparta. Atenas impôs o bloqueio de Mégara e Esparta protestou. De um lado Atenas com seus confederados do Jônio, do Egeu e da Ásia Menor. Esparta com todo Peloponeso (Corinto, Beócia e Mégara).
Diante da situação grave, Péricles chamou seu exército para dentro dos muros de Atenas, abandonando a Ática ao inimigo. Enfraquecido, a guerra atiçou a ira de seus inimigos, como Cléon, demagogo e corajoso, que acusou Péricles de peculato e, como ele não deu conta dos fundos secretos, foi deposto e multado, exatamente quando a epidemia levou dele a irmã e seus dois filhos legítimos. Aristóteles diz que Cléon subia à tribuna e falava numa linguagem malcriada, grosseira e pitoresca. Arrependidos, logo depois os atenienses o repuseram Péricles ao poder e deram cidadania ao filho que tivera com Aspásia.
 A guerra que já durava por dez anos semeara a ruína por toda Grécia, sem solução. Ameaçada por uma revolta dos escravos, Esparta sugeriu a paz e Atenas aderiu seguindo parecer dos conservadores, como o de Nícias, cujo tratado de 421, de 50 anos, levou seu nome.
ALCIBÍADES – Aristocrata e conservador, Nícias era o homem mais rico de Atenas e tinha suas extravagancias e superstições, como a de nunca fazer nada nos dias nefastos. Para cortar o cabelo esperava a lua cheia. Quando o voo das aves indicava azar, pronunciava a fórmula da esconjuração e repetia 27 vezes. Se ouvia o coaxar de um sapo, abandonava o Senado.Organizava e pagava do seu bolso as procissões para a colheita. Cada bocado que engolia invocava o nome de um morto da sua família. Chegava a comer tendo diante de si uma tabuleta com o nome de todos seus antepassados.
Para combater este homem cheio de dinheiro, o egocêntrico Alcibíades não olhava os meios. Mais por ambição batera como herói contra os espartanos. A quem diga que devia suas proezas a Sócrates que o amava. Ele fazia parte do grupo de jovens que o mestre exercitava na arte do raciocínio. Vez por outra sumia para seguir prostitutas e moços de má fama. Sócrates se desesperava e procurava-o como a um escravo fugitivo.
Conta que um dia Alcebíades deu uns tapas em Hipônaco, um dos mais ricos e poderosos. Dia seguinte foi à casa do ofendido e despiu-se diante dele para que lhe desse boas vergastadas. No lugar, Hipônaco deu sua filha Hiparate em casamento. Um dia Hiparate fugiu de casa e citou o marido em tribunal para divórcio. Ele compareceu e diante dos juízes raptou-a. Ela teve que aceitar a condições de esposa traída.
Esse violador de leis e mulheres, sedutor de corações femininos e de massas eleitorais, era partidário da guerra, caminho para sua ambição. Detestava a paz até mesmo porque ela trazia o nome de Nícias.
A GRANDE TARIÇÃO - Para escapar ao processo de seus malfeitos, Alcibíades desertara e se colocou a serviço de Esparta, onde se refugiara. Ele que vivia no luxo, jogou fora os sapatos e andava descalço, com uma rude túnica nos ombros. Nutria-se de cebolas. O rancor por Atenas era tanto que nenhum sacrifício lhe parecia demasiado para a vingança. Acabou se enamorando da rainha.
Para se livrar da morte, embarcou como oficial da marinha numa frota para a Ásia, só que um mensageiro lhe seguia com a missão de eliminá-lo. Em Sardes encontrou-se com um almirante persa e ofereceu, outra vez, seus serviços contra Esparta. Enquanto isso, Atenas estava destroçada e isolada. Esparta tomou suas minas de prata e firmou tratado com a Pérsia para aniquilar seu inimigo. Gregos pediram auxílio de bárbaros para destruir outros gregos.
O partido conservador organizou uma revolta, tomou o poder e entregou a um Conselho dos Quatrocentos. Após uma revolução houve um golpe de estado e destituíram o Conselho, substituindo por outro dos Cinco Mil. Houve uma revolta dos marinheiros que pediram a volta do governo democrático. O porto foi fechado e o povo começou a passar fome. A saída foi pedir ajuda a Esparta para trazer mantimentos. Esparta pediu tempo e a população revoltou-se e ai os democratas voltaram ao poder.
Depois de várias traições e intrigas, Alcebíades voltou à pátria em 410 a.C. Chefiou a frota e , durante três anos, infligiu uma série de derrotas contra Esparta. Mais adiante, cometeu outro erro ao entregar a frota para Antíaco que foi trucidado pelos espartanos. Fugiu de novo para Bitínia.
Sob o comando de Lisandro, Esparta impôs severa derrota a Atenas, deixando o povo com fome. Para poupar os sobreviventes exigiu de Atenas derrubar os muros, repor no poder os conservadores e auxiliar Esparta em qualquer guerra futura. Era o ano de 404 a.C. Foi instituído o Conselho dos Trinta na base da opressão. Além dos mortos, cinco mil democratas foram mandados para o exílio. Revogaram-se todas as liberdades e Sócrates foi proibido de ensinar.
A CONDENAÇÃO DE SÓCRATES -Seus adversários o incriminaram no plano moral e religioso. A acusação inventada contra ele, em 399 a.C. era de impiedade pública em relação aos deuses e corrupção da juventude. O corpo de jurados era composto de 1.500 cidadãos. Na bancada estavam Platão e Xenofante.
Dos três que levantaram acusação contra ele, o Anito tinha motivos pessoais de rancor contra Sócrates. Quando ele teve que ir para o exílio por causa de suas ideias, seu filho preferiu ficar em Atenas com o mestre.Uma das críticas contra ele foi de ter tido Alcibíades como um de seus discípulos.
Mesmo aristocrático, no sentido intelectual, Sócrates era pobre, vestia-se como mendigo e ninguém podia apontar a mínima deslealdade contra o Estado. Fora excelente soldado. Para ele, as leis tinham de estar de acordo com a justiça.
Para Sócrates, o cidadão exemplar era o que obedecia as ordens da autoridade, mas, antes de as receber e depois de as cumprir, devia examinarse a ordem era boa  e se a autoridade formulara bem. Fundara todo seu métodoem perguntas, “Ti Esti?” (Que é isto). Seu objetivo era preparar uma classe política iluminada que governasse de acordo com a justiça. Tinha na mente uma Noocracia, ou governo de sábios, que excluísse a ignorância e a superstição.
A plebe, que não sabia nada disso, odiava Sócrates e seu modo de pensar. Aristófanes, com sua rude maneira inculta de ver as coisas, foi o intérprete deste protesto, por inveja. O próprio Sócrates contribuiu para sua condenação, quando fez apologia de si mesmo, dizendo que os deuses lhe haviam confiado a missão de revelar a verdade. Mileto, um de seus acusadores, propôs sua morte. O mestre respondeu pedindo para ser hospedado no Pritaneu, grande palácio daquela época. Indispôs público, juízes e jurados.
Na votação, 708 votaram a favor e 720 contra a pena de morte. Com a insistência de Platão, o acusado declarou-se disposto a pagar uma multa de trinta minas, que os amigos dariam em seu lugar. Os jurados voltaram a se reunir e os condenatórios tinham aumentado mais 80. Sócrates foi posto no cárcere.
A Críton que lhe disse: Morres sem o merecer, o mestre respondeu: Mas, se não o fizesse, eu o mereceria. A Fédon: Tenho pena dos teus cachos de cabelo. Amanhã terás que cortá-los em sinal de luto. Chegando o momento, tomou o veneno com mão firme. Aos seus discípulos que choravam, ele os consolou: Por que se desesperam? Não sabiam que desde o dia em que nasci, a natureza me condenou à morte? É melhor morrer a tempo, com o corpo sadio, para evitar a decadência...

CRÔNICA: BIG BEN

São tantas emoções!
BIG BEN

O filme Equilibrium aborda uma temática no mínimo interessante. A sociedade do futuro, diante da possibilidade de ser extinta em função de mais uma guerra mundial, submete todos os seus cidadãos a um medicamento que bloqueia todas as emoções, evitando assim, boa parte dos conflitos decorrentes do desequilíbrio emocional. Além dessa prática medicamentosa, impõe uma série de normas para reforçar o seu propósito principal: É estritamente proibido sentir emoções. Assim livros, música, artes em geral e até animais de estimação não devem fazer parte da vida dos indivíduos.

Desprovidas de emoções, as pessoas deste mundo futurista tornam-se seres autômatos, mecânicos, robotizados. Quem viola as leis deverá ser punido com a pena de morte. É lógico que no final, os amantes da emoção, os rebeldes, derrotam o estado racionalista, e tudo volta a ser como era antes. Já pensou como seria o mundo sem emoções? Será que esta é a solução final para o nosso comportamento beligerante?

Como diria o rei Roberto Carlos: são tantas emoções! Eu vou pedir licença ao cantor, mais amado e popular do Brasil, e vou completar a frase: são tantas emoções, são tantas decepções, são tantas lamentações, são tantas aberrações, são tantas alucinações, são tantas peregrinações, são tantas imperfeições e outras tantas "ções". Eu acredito que o animal que se auto intitula de racional, na verdade, deveria ser classificado como um animal emocional. Você já parou pra pensar? Tudo o que ocorre no nosso mundo racional é decorrência da volatilidade dos sentimentos humanos. Resumindo: o mundo dos racionais é um mundo movido pelas emoções. Isto é no mínimo contraditório!

O que seria da Fórmula 1 sem a emoção dos carros voando baixo como os falcões, em pleno ar, sacudindo as arquibancadas de Interlagos? O que seria do Cinema sem a emoção da música melodiosa que ajuda o filme a contar a sua história? O que seria do Futebol sem a emoção do grito de gol entalado na garganta do torcedor? O que seria da Arte sem a emoção que invade a alma diante de uma tela de pintura que exalta a beleza incomensurável do espetáculo da natureza? O que seria da humanidade sem esse bálsamo reconfortante?

Deus realmente ama de paixão a criatura humana, deu todas as ferramentas evolutivas para que nós, humanos, possamos nos emocionar ao ouvir uma bela canção de amor que toca fundo o coração. Obrigado Senhor!

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